A 26ª Conferência do Clima (COP26), promovida pela Organização das Nações Unidas (ONU), aconteceu durante as duas primeiras semanas de novembro em Glasgow, na Escócia, com cobertura jornalística diária de NetZero.
O evento foi marcado por discussões novas e antigas, importantes avanços e algumas controvérsias sobre como países e entidades privadas devem comprometer-se para neutralizar as emissões de gases de efeito estufa (GEE) nas próximas décadas a fim de manter o aquecimento global limitado a 1,5 °C.
Dentre as principais novidades resultantes do evento estão:
• Definição do objetivo de 1,5 °C no centro dos esforços globais, o que foi um grande avanço em relação ao Acordo de Paris, que tinha como meta “bem abaixo de 2 °C”:
Para atingirmos essa meta, deveremos ter uma redução das emissões de GEE em 45% até 2030, em relação ao nível de 2010, e também atingir a neutralidade das emissões até 2050.
• Indefinição do financiamento aos países mais pobres para combater as mudanças climáticas:
Os US$ 100 bilhões por ano, prometidos em 2009 e que deveriam ser disponibilizados desde 2020, não foram cumpridos até agora pelos países desenvolvidos, e esse valor somente deverá estar disponível em 2023.
• Adiamento de definições sobre o fundo de perdas e danos para a próxima COP, em 2022, no Egito:
Trata-se do repasse anual dos países desenvolvidos (maiores emissores de GEE) para as nações mais vulneráveis lidarem com os impactos devastadores, reduzirem suas emissões e adaptarem-se aos efeitos das mudanças climáticas.
Novos acordos
Foram assinados vários compromissos multilaterais que contribuirão para a redução de emissões de carbono e ajudarão a limitar o aquecimento do planeta.
• Mercado internacional de carbono viabilizado:
O Artigo 6 do Acordo de Paris foi aprovado, criando condições para o estabelecimento e a regulação de um comércio internacional de créditos de carbono entre países e entidades privadas.
• Combustíveis fósseis como alvo:
Pela primeira vez na história, o texto resultante de uma COP cita o combate a combustíveis fósseis para conter o aumento médio da temperatura global.
• Desmatamento zero:
A ousada meta do Acordo de Florestas é zerar o desmatamento no mundo até 2030.
• Compromisso global do metano:
103 países se comprometeram a cortar 30% das emissões globais de metano (cujo potencial de efeito estufa é 21x maior que o do CO2) até 2030.
• Acordo EUA x China:
As superpotências, responsáveis por 40% das emissões globais, se comprometeram a não importar produtos que contribuam para o desmatamento e a ter 100% de eletricidade gerada sem carbono até 2035.
• Metas brasileiras:
– Ser carbono neutro até 2050;
– Reduzir em 50% as emissões de CO2 eq até 2030;- Adesão ao compromisso global de reduzir em 30% as emissões de metano até 2030;
– Zerar o desmatamento até 2028.
Agenda da Klabin na COP26
O compromisso histórico da Klabin com a sustentabilidade e a preservação ambiental rendeu à empresa o convite para integrar o COP26 Business Leaders Group. Liderado pelo presidente da Conferência do Clima, Alok Sharma, o grupo é responsável por difundir a relevância do combate às mudanças climáticas e por engajar o setor privado nessa agenda.
A companhia, maior produtora e exportadora de papéis para embalagens e embalagens de papel do Brasil, foi a única empresa latino-americana integrante do grupo e esteve representada em encontros e discussões pelo CEO, Cristiano Teixeira, e pelo diretor de Tecnologia Industrial, Inovação, Sustentabilidade e Projetos, Francisco Razzolini.
Primeira semana
Teixeira, que também é Embaixador pelo Clima (ODS 13) no programa Liderança com Impacto, da Rede Brasil do Pacto Global da ONU, participou da discussão do painel Delivering Finance for Developing and Emerging Markets (“Financiando mercados emergentes e em desenvolvimento”, em tradução livre). O debate tratou sobre a importância de auxiliar pequenas e médias empresas e empreendedores neste momento de retomada econômica e, principalmente, como apoiá-los para participarem do movimento de transição climática.
De acordo com Teixeira, é preciso observar como os riscos serão precificados pelos bancos e instituições financeiras, bem como o impacto da inflação nos negócios, no momento em que for possível desenvolver mecanismos de incentivo econômico mais verdes para garantir que os mercados emergentes consigam financiar o combate às mudanças climáticas e a mitigação destas, em especial por meio de ações de adaptação:
“Na Klabin, por exemplo, usamos a biomassa como principal fonte energética. É preciso buscar soluções para que pequenos e médios empresários e os empreendedores também migrem para esta nova realidade. No entanto, necessitamos ser criativos para desenvolver formas adequadas de financiamento para os investimentos e evoluções tecnológicas. Grandes empresas já possuem acesso a esses instrumentos.”
Segunda semana
Na segunda semana, Teixeira e Razzolini debateram a importância do setor florestal na bioeconomia, o futuro da Amazônia e por que metas baseadas na ciência são importantes.
Teixeira fez parte do painel O setor de base florestal e o seu papel na bioeconomia, promovido pelo Ministério do Meio Ambiente. O executivo, escolhido em 2021 como Biopersonalidade do Ano no Fórum Mundial de Bioeconomia, afirmou:
“O setor de florestas plantadas, responsável por uma extensa área de florestas conservadas, pode ajudar o Brasil estocando carbono, ou seja, ajudando a capturar mais gases de efeito estufa na atmosfera. Ele também é responsável pela manutenção da biodiversidade, incentivo da economia circular e respeito social com as comunidades, gerando emprego e renda.”
O CEO da Klabin também participou do painel O futuro da Amazônia: conciliando produção agropecuária e conservação da floresta, promovido pela Coalizão Brasil – Clima, Florestas e Agricultura e pelo Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM). Teixeira reforçou que é hora de começar a cumprir os compromissos assumidos, principalmente os relacionados à preservação ambiental:
“Sei o quanto a Amazônia é importante, mas o desmatamento ilegal é um tema que está constrangendo o Brasil. Todo cidadão brasileiro deveria entender isso e a importância da preservação. Nenhuma árvore nativa deveria ser desmatada.”
Razzolini, por sua vez, esteve no painel Metas Baseadas na Ciência e Indústria, realizado pela Iniciativa Empresarial para o Clima (IEC), Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM) e Rede C40, mostrando o case de sucesso da Klabin ao estabelecer metas científicas.
De acordo com o executivo, o compromisso com a sustentabilidade é antigo na empresa:
“Começamos a trabalhar a questão do carbono em 2003, quando realizamos nosso primeiro inventário de emissões de GEE, o que nos rendeu um rico histórico de informações. Desde então, temos atuado para reduzir de forma constante as emissões, investindo e incorporando novas tecnologias que nos permitam ampliar a matriz energética de fonte renovável. Hoje, 90% da energia utilizada pela Klabin é de base renovável, e até 2024 chegaremos a 92%.”
Já na reta final da Conferência do Clima, Teixeira afirmou, em dois painéis promovidos pelo Pacto Global da Organização das Nações Unidas (ONU), com grandes líderes do Brasil e do exterior, que estamos vivendo um momento único na história e é a hora de realizarmos ações concretas para ajudar a salvar o planeta.
Durante o High-Level Meeting of Caring for Climate, do qual participaram o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres; a secretária-executiva da Convenção do Clima (UNFCCC) da ONU, Patricia Espinosa; a diretora-executiva do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), Inger Andersen; e a diretora-executiva do Pacto Global, Sanda Ojiambo; entre outros, Teixeira comentou:
“Estamos felizes em estar com outros CEOs, aqui na COP26, vendo os progressos que estão sendo feitos. É a coisa certa a se fazer.”
Já no encontro Ambição Líquida: as empresas brasileiras estão preparadas para a transição líquida-zero?, Teixeira reforçou que o setor florestal, por meio de sua cobertura natural, pode contribuir com uma maior retenção de carbono.
“É preciso que todas as ações sejam baseadas na ciência. A Klabin tem a honra de ter sido uma das primeiras empresas brasileiras a ter suas metas aprovadas pela Science Based Targets initiative (SBTi), e é por meio dessas metas que, quanto mais a gente consegue trazer o número para a realidade, mais fácil fica de acompanhar aonde a gente quer chegar.”
O compromisso da Klabin aprovado pela SBTi prevê que a empresa reduza emissões de GEE (escopos 1 e 2) por tonelada de celulose, papéis e embalagens em 25% até 2025 e em 49% até 2035, tendo 2019 como ano-base. Ao longo dos últimos 16 anos, a empresa reduziu em 64% as emissões específicas de CO2 equivalente.
Avaliação final
Teixeira avalia que o resultado da COP26 trouxe progressos importantes e acredita que as principais nações irão seguir na jornada da descarbonização, bem como contribuir para o financiamento climático voltado aos países em desenvolvimento.
Além disso, o CEO destaca as definições sobre o mercado regulado de carbono e o potencial brasileiro no combate às mudanças climáticas:
“A regulamentação do mercado de carbono é uma das decisões positivas, e o Brasil só tem a ganhar, pois seremos grandes exportadores de crédito de carbono, ainda mais se levarmos em conta que atuamos em um setor florestal que prioriza a biodiversidade, a produtividade, o respeito ao meio ambiente e as melhores práticas ESG.”
Para saber mais sobre net zero e como estabelecer metas sustentáveis apoiadas na ciência – seja para seu negócio, seja para a sua vida –, conheça o ImPacto NetZero, movimento da Klabin em parceria com a Rede Brasil do Pacto Global.
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