Quando a CTG Brasil iniciou suas atividades no país, em 2013, a companhia investiu na aquisição de usinas hidrelétricas que já operavam. Três anos depois, teve início a concessão das gigantes UHEs Ilha Solteira e Jupiá, com um parque instalado antigo, construído na década de 1970, que precisava ser atualizado. Por isso, no ano seguinte, a CTG Brasil endereçou um projeto de modernização a partir de um investimento de R$ 3 bilhões, com previsão de conclusão em 2038, que é atualmente o maior e mais complexo em curso no Brasil.
O projeto de longo prazo – e que caminha cumprindo as expectativas da empresa – tem como objetivo fazer com que as 20 unidades geradoras de Ilha Solteira e as 14 de Jupiá sejam capazes de gerar energia com a mesma eficiência e produtividade das usinas mais modernas do País e internacionais.
“Aqui, falamos de aumento da capacidade de geração, além de melhorias nas questões ambientais e de segurança”, aponta Cesar Teodoro, diretor de Engenharia da CTG Brasil.
Segundo ele, as usinas estão passando por uma modernização completa, sendo preparadas para um aumento de potência, que inclui reformas de máquinas, turbinas, geradores, pontes rolantes e uma atualização tecnológica – visando a automação, estão sendo instalados painéis e instrumentos para leitura digital.
Mas como realizar reformas desse porte sem prejudicar a operação?
“Como são muitas máquinas, o projeto foi dividido em lotes. No contrato dos 30 anos de concessão há um período previsto de expurgo, de 12 meses por unidade geradora, em que é possível parar uma máquina para grandes reformas sem impactar a disponibilidade da usina”, esclarece Cesar.
Atuando na fase final do segundo lote, este ano, a CTG Brasil entra em uma nova etapa, com um processo de licitação para a realização do terceiro lote, que prevê a reforma de mais seis máquinas.
O projeto tem possibilitado ainda uma rica troca de experiências com os times técnicos do Brasil e profissionais chineses.
“Temos um intercâmbio de conhecimento tecnológico muito valioso. Contamos com 10 engenheiros chineses trabalhando em Ilha Solteira e Jupiá, com especialidades distintas. Essa equipe traz muita experiência das operações e manutenções das plantas da CTG na China”, afirma Ricardo Brito, gerente do escritório de projetos da CTG Brasil.
Entretanto, apesar do planejamento prévio, o projeto também esbarra em eventualidades. O executivo conta que a substituição ou reforma dos transformadores elevadores de Ilha Solteira teve de ser acelerada em sete anos em função da análise preventiva.
“Como havia risco, priorizamos essa ação e conseguimos concluir o projeto de substituição de 20 transformadores na usina de Ilha solteira, reduzindo o risco de falhas”, comemora.
Outro grande destaque do projeto de modernização da companhia foi a inauguração do Centro de Operação da Geração (COG), que já está em funcionamento na UHE Ilha Solteira. Em tempo real, ele integra o monitoramento das operações de todos os ativos elétricos de suas 70 unidades geradoras, permitindo acesso a dados hidráulicos e produção de energia. Os equipamentos de automação e telecomando proporcionam eficiência, segurança e produtividade, reduzindo o tempo da tomada de decisões.
“As operações continuam mantidas nas usinas, cada qual com sua autonomia, entretanto, todas compartilham suas informações com o COG”, explica Ricardo.
O Centro também está preparado para agregar futuros ativos. O local onde o COG está instalado foi totalmente reformado e adaptado, seguindo padrões internacionais, além dos procedimentos de rede do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), sendo um dos únicos homologados para atuar em Centros de Operação. Além da sala de controle e monitoramento, há espaços para treinamentos, suporte técnico, engenharia e servidores.
O COG ainda permite uma operação remota, que foi implementada em horários além do comercial. As UHEs Jurumirim, Canoas I e Canoas II já têm operação teleassistida. Durante o expediente, há um operador no local, porém, no período noturno ou finais de semana, por exemplo, é possível realizar a teleassistência, com um mantenedor de prontidão.
Vale ressaltar que, além do investimento alocado diretamente no projeto de modernização, anualmente a CTG Brasil destina cerca de R$ 21 milhões para manutenção da atualização de todo seu parque de ativos. No ano passado, por exemplo, foi realizada a troca de transformadores e outros equipamentos das usinas Rosana, Taquaruçu, Garibaldi e Salto.
A modernização e a agenda ESG
Potencializar a geração de energia limpa é o grande destaque do projeto, mas há ainda outros impactos positivos gerados pelos trabalhos de atualização dos ativos. A começar pelo fomento à reciclagem: das reformas das máquinas são extraídos materiais de alto valor, como aço e cobre, que vão para a reciclagem. “Geramos um volume muito grande de sucata que pode voltar para a cadeia”, exemplifica Ricardo.
A companhia também atenta para a chamada sucata contaminada, geralmente por conter amianto ou óleo, que pede encaminhamento especial. A CTG Brasil destina esses materiais a empresas especializadas no tratamento de resíduos, que cuidam do descarte, a partir de uma análise da rastreabilidade e tratativa para assegurar a destinação.
No âmbito social, o projeto tem gerado muitas oportunidades locais para as comunidades do entorno.
“Contratamos uma empresa especializada que utilizou serviços de empresas e mão de obra locais para o primeiro lote da modernização. Já percebemos que esses profissionais foram se qualificando dentro das usinas, com isso, gerando oportunidades para que eles sejam absorvidos pelos contratos das unidades ainda em modernização . Esse desenvolvimento é muito importante e fomenta a geração de empregos na região”, pontua Ricardo.
Todo o processo de modernização tem uma estratégia que não se limita ao crescimento do negócio. Abraçando a agenda ESG, a companhia atua de maneira responsável, avançando no propósito de aumentar a confiabilidade dos seus ativos, reforçar seus objetivos no caminho da sustentabilidade, auxiliando na aceleração da transição energética e reafirmando compromissos com a sociedade.
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