Como logística da Casas Bahia vai permitir a artesãos da floresta vender itens sustentáveis em uma das maiores lojas virtuais do país

Agora, ao entrar no marketplace da Casas Bahia o consumidor pode comprar, além de fogões, geladeiras e televisores, brincos e bolsas feitos por uma comunidade indígena, um café de origem agroflorestal, luminárias de plástico reciclado e até camiseta de algodão orgânico produzida por mão de obra egressa do sistema prisional. 

Estes produtos fazem parte do novo e-commerce de produtos sustentáveis da marca, uma parceria entre a Via – dona das marcas Casas Bahia, Ponto e Extra.com – com a Pangeia, um ecossistema de negócios de impacto socioambiental que, desde 2016, trabalha com e-commerce de produtos sustentáveis e busca o desenvolvimento sustentável dessas comunidades. 

“Com a Pangeia, percebemos que havia uma oportunidade enorme de criarmos algo inovador, colocando a sustentabilidade como parte do negócio e gerando impacto positivo para comunidades florestais e rurais. É nisso que acreditamos”, diz Luciana Pacheco, gerente executiva de Comunicação Corporativa e Sustentabilidade/ESG da Via.


Luciana Pacheco, gerente executiva de Comunicação Corporativa e Sustentabilidade/ESG da Via. (Foto: Divulgação)

A iniciativa busca conectar a jornada ESG da Via ao negócio, indo além das ações que já existem nas lojas e centros de distribuição, como o encaminhamento de sobras de papelão, plástico e isopor para a reciclagem ou a coleta de eletroeletrônicos descartados pelos consumidores. 

A Pangeia, pelo seu lado, viu nessa parceria uma possibilidade de ampliar o impacto causado na vida dos pequenos e médios produtores por meio do desenvolvimento sustentável das comunidades. 

“Existem forças que precisam ser agregadas ao ecossistema que estamos construindo, para que seja possível promover, de fato, as transformações que queremos no Brasil. E a Via entra como uma grande força especializada em logística, com a pujança da quantidade de sellers que eles têm”, diz Gustavo Peixoto, fundador e diretor geral da Pangeia.

A aproximação entre as duas empresas se deu por meio do ViaNext, programa de Corporate Venture lançado pela Via junto com a plataforma de inovação aberta Distrito para conectar startups de todo o Brasil aos desafios da companhia. 

Pela parceria, a Pangeia é responsável pela curadoria dos produtos e produtores, enquanto a Via disponibiliza todo o seu know-how de marketplace, logística e marketing para potencializar as vendas.

Em um segundo momento haverá ainda um trabalho de capacitação desses pequenos produtores para que possam ter uma presença mais forte e justa no mercado.

A loja foi inaugurada com cerca de 200 produtos de 15 vendedores, e a expectativa é aumentar em 600% a quantidade desses vendedores dentro do marketplace usando a vitrine, a logística e o poder de escala que a Via confere à Pangeia. 

Entre eles, por exemplo, está o Café Apuí Agroflorestal (R$ 25,40 / 250g), produzido no sul do Amazonas, por produtores familiares em sistemas agroflorestais -que cumprem a missão de reflorestar as áreas.

UMA MARCA FORTE ALIADA A UM NEGÓCIO DE IMPACTO

Gustavo Peixoto, fundador e diretor geral da Pangeia. (Foto: Divulgação)

A oferta de produtos na loja sustentável segue o formato já usado pela Pangeia, dividido em quatro macro categorias: Da Terra, parceria com o Instituto Conexões Sustentáveis (Conexsus), que trabalha para ativar o ecossistema de negócios comunitários rurais e florestais; Da Floresta, com enfoque em produtos desenvolvidos por povos originários; Ecoshop, voltado para fabricantes e artesãos de produtos ecológicos e sustentáveis orientados ao consumo consciente; e Causas, com iniciativas criadas e geridas em prol do desenvolvimento social e ambiental.

O modelo de negócios da Pangeia, segundo Gustavo, tem como formato mais usual fazer a curadoria dos produtos e cadastrá-los no marketplace, que funciona como uma vitrine. Nesse caso, a logística é realizada pelo próprio vendedor, que remunera a Pangeia com uma comissão sobre as vendas.

“Quando o produto é integrado à loja da Casas Bahia, o seller passa a ter dois imensos benefícios adicionais: um canhão de vendas que é a marca e a logística da Via, que oferece o serviço de coleta e entrega com aumento de eficiência e redução de custo”, afirma.

A Via, por sua vez, além de colocar em prática a sua estratégia ESG, abre uma nova frente de relacionamento com os consumidores. Luciana explica:

“Temos uma marca muito forte, presente no país inteiro. Então, porque não oferecer a proposta de um consumo mais consciente, que tem tudo a ver com o que já vínhamos fazendo na jornada ESG?”

COM PRODUTOS NO MEIO DA FLORESTA, A LOGÍSTICA GANHA UM NOVO DESAFIO

Ao abraçar esse projeto, a Via assumiu alguns novos desafios para o negócio. Um deles é a logística. 

A companhia conectou os produtores do marketplace ao Envvias, sua plataforma de logística e, assim, faz a coleta do produto no vendedor e entrega ao cliente. Mas há desafios nesse meio campo. Não é tão simples – nem mesmo para a Via – recolher, por exemplo, um produto no meio da floresta. 

Nesse sentido, o trabalho em rede é a grande aposta. Serão testados diversos modelos. Um deles é tirar vantagem da capilaridade do próprio marketplace: o vendedor pode deixar os produtos em uma loja das Casas Bahia próxima para ser recolhido.

Outra forma é acionar a rede de parceiros da Pangeia para centralizar os produtos e funcionar como um pequeno centro de distribuição. O Instituto Auá, por exemplo, é um ponto que centraliza produtos feitos por pequenos produtores em São Paulo. A inovação, para Luciana, está também nessa estratégia de logística.

“Não precisamos ficar presos ao modelo que já existe. A ideia de construir rede é justamente para trazer inovação. É claro que a gente coloca a logística que já existe à disposição, mas não faz diferença se vamos retirar o produto no Instituto Auá ou em uma loja da Casas Bahia.” 

E não dá para falar de logística em um ambiente sustentável sem falar em emissões. No caso desse marketplace, as transações já nascem carbono zero, com compensação automática assegurada pela Moss, climatech que conecta empresas a soluções ambientais. Assim, independentemente da modalidade de entrega escolhida para receber o produto, as emissões de carbono serão compensadas, ajudando na preservação da Floresta Amazônica.  

MÉTRICAS PRÓPRIAS UM NOVO OLHAR PARA O VAREJO

Outro desafio que nasceu com o marketplace foi estruturar todo o desenvolvimento e implantação do projeto em linha com a área de sustentabilidade, justamente para ter o olhar ESG em todos os pontos. 

“A Pangeia não é um seller como outro qualquer dentro da Casas Bahia. E é por isso que faz parte da jornada ESG. Dessa forma, conseguimos um olhar diferenciado mesmo”, explica Luciana. 

Além disso, o marketplace sustentável é uma loja que se diferencia da tradicional não apenas no mix de produtos, mas também nas métricas de sucesso. 

Nesse projeto, não se fala tanto em metas de venda, mas sim em aumentar o número de vendedores na loja e permitir que aqueles que estão lá dentro consigam escoar a produção que são capazes de fazer.

Diferentemente de fabricantes mais tradicionais, quando se fala em pequenos e médios produtores sustentáveis é preciso respeitar a capacidade de produção para se manter sustentável. Caso contrário, o impacto pode não ser positivo como se espera, como conta Luciana:

“Não queremos que eles vendam a quantidade que vendemos de celular e televisão. Nesse caso, a meta de venda é a meta do pequeno. O que ele tiver de produção para escoar, vamos ajudar. Não é a necessidade da Via nem da Pangeia, mas sim a necessidade do pequeno produtor que vai fazer o projeto avançar.” 

EM BREVE, LOJA SUSTENTÁVEL DEVE CHEGAR A OUTRAS MARCAS DA VIA

Esse é o primeiro passo em um plano ousado para lojas sustentáveis: a ideia é avançar em novas fases ao longo deste ano. 

O coração dessa estratégia deve começar ainda no primeiro semestre, com um trabalho de capacitação da Conexsus, que será responsável em replicar essa capacitação aos produtores lá no meio da floresta, ajudando-os, por exemplo, a precificar melhor os produtos e, assim, fazer um comércio cada vez mais justo, com mais vantagens para as pontas (vendedor e consumidor) do que para os intermediários. 

Também faz parte do plano levar esse modelo de loja para as outras marcas da Via – Ponto e Extra.com – sempre com a intenção de aumentar o impacto na vida dos produtores. Luciana aposta em um comprometimento do consumidor com as causas defendidas por esse ecossistema:

“O mundo dos sonhos é conseguir gerar impacto positivo para os pequenos produtores e fazer com que o consumidor enxergue a importância do ESG na prática, entendendo a diferença que ele pode fazer no social e também no ambiental ao praticar um consumo mais consciente.” 


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