Stakeholders são as “partes interessadas”. O termo é comumente usado no jargão da governança corporativa para se referir a todos os atores que impactam ou são impactados pelas atividades de uma empresa.
O primeiro uso da expressão ocorreu há cerca de 70 anos, quando, em 1963, um memorando do Stanford Research Institute definia stakeholders como participantes de “grupos sem cujo apoio a organização deixaria de existir”.
De início, a chamada teoria dos stakeholders os listava como os seguintes atores: donos de ações, funcionários, clientes, fornecedores, credores e sociedade.
No início dos anos 1980, os pesquisadores Robert Edward Freeman e David L. Reed ampliaram o conceito para duas definições:
Definição ampla
Qualquer grupo ou indivíduo que possam afetar ou sejam afetados pela realização dos objetivos de uma organização.
(Podem ser grupos de interesse público, grupos de protesto, agências governamentais, associações comerciais, concorrentes, sindicatos, bem como funcionários, clientes, acionistas, entre outros)
Definição estrita
Qualquer grupo ou indivíduo de que uma organização dependa para sua sobrevivência contínua.
(funcionários, clientes, determinados fornecedores, agências governamentais chave, acionistas, instituições financeiras específicas, entre outros)
De lá para cá, o conceito evoluiu e passou a designar pessoas ou organizações com interesse legítimo em projetos ou em entidades. Em outras palavras, o stakeholder moderno é todo aquele que se interessa, participa ou é impactado pelo que uma entidade faz.
E qual a importância dos stakeholders?
Com a consolidação da agenda ESG, os stakeholders são cada vez mais levados em conta nos processos de tomada de decisão de empresas e organizações, governamentais ou não.
Embora sejam diretamente ligados ao G da sigla, relativo à governança corporativa, os stakeholders também influenciam diretamente o E (de environment, em inglês; ambiente, em português) e o S (de sociedade), uma vez que a responsabilidade socioambiental de uma instituição depende dos impactos que ela causa em indivíduos e grupos próximos a ela ou com quem ela se relaciona.
Neste contexto, temos hoje o chamado capitalismo de stakeholders, já explicado neste Glossário como “uma forma de capitalismo em que as empresas buscam criar valor a longo prazo, levando em consideração as necessidades de todas as partes interessadas e da sociedade em geral”.
A definição é de ninguém menos do que Klaus Schwab, fundador e presidente executivo do Fórum Econômico Mundial.
Classificações de stakeholders
As partes envolvidas podem ser explicadas e categorizadas por diferentes prismas. Detalharemos alguns deles a seguir:
Stakeholders por grau de envolvimento
Principais
Geralmente pessoas dentro da organização ou ligados diretamente ao negócio, como acionistas, clientes, fornecedores, credores e funcionários);
Secundários
Aqueles que não fazem transações econômicas diretas com a organização mas que afetam ou são afetados por ela (imprensa, comunidades, grupos ativistas etc.);
Excluídos
Público desinteressado que não tem impacto econômico nos negócios, como crianças ou plantas e animais, por exemplo.
Stakeholders de acordo com poder legitimidade e urgência
Essa classificação se baseia no estudo Toward a Theory of Stakeholder: Identification and Salience (1997), de Ronald K. Mitchell, Bradley R. Agle, Donna J. Wood.
Adormecido
Tem poder para impor uma decisão mas com pouca legitimidade ou urgência;
Arbitrário
Não tem urgência, apesar de ter legitimidade. Também não tem poder de influenciar a organização;
Reivindicador
Não tem poder nem legitimidade e por isso precisa reivindicar;
Dominante
Tem poder e legitimidade, influenciando as tomadas de decisão e recebendo atenção da empresa;
Perigoso
Como não tem poder, urgência nem legitimidade pode ser violento ou coercitivo em suas manifestações;
Dependente
Depende do poder de outro stakeholder para apresentar suas demandas;
Definitivo
Como tem poder e legitimidade, costuma ser ouvido de pronto quando alega urgência.
Classes de stakeholders
De acordo com o paper Strategies for assessing and managing organizational stakeholders (1991), de Savage, G. T., Nix, T. W., Whitehead, C. J., & Blair, J. D.:
Dispostos a apoiar
Com baixo potencial de ameaçar e alto potencial de cooperar;
Marginais
Não são altamente ameaçadores nem especialmente cooperadores.
Indispostos a cooperar
Têm alto potencial de ameaça e baixo de cooperação;
Ambíguos
Têm alto potencial tanto para ameaçar como para cooperar.
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