De acordo com o Programa das Nações Unidas para o Meio ambiente (UNEP), empregos verdes (green jobs, em inglês) podem ser definidos como:
“Trabalhos em atividades agrícolas, industriais, de pesquisa e desenvolvimento (P&D), administrativas e de serviços que contribuem substancialmente para preservar ou restaurar a qualidade ambiental.”
O órgão da ONU completa a definição declarando que ela “inclui empregos que ajudam a proteger os ecossistemas e a biodiversidade; reduzir o consumo de energia, materiais e água por meio de estratégias de alta eficiência; descarbonizar a economia; e minimizar ou evitar totalmente a geração de todas as formas de resíduos e poluição.
A estimativa da ONU é de que, até 2030, 18 milhões de empregos verdes sejam criados no mundo – 7,1 milhões no Brasil.
Este cenário prevê a extinção de 7,5 milhões de empregos em áreas associadas à pecuária, mineração, e combustíveis fósseis. Em compensação 22,5 milhões de empregos verdes seriam criados para setores relacionados à energia renovável, agricultura, silvicultura e construção, entre outros.
Que empregos se encaixam nessa definição?
Em tese, quase toda ocupação pode se enquadrar como emprego verde. Basta que ela contribua, direta ou indiretamente, com a preservação do meio ambiente e com um mundo mais sustentável.
Ou seja, vale desde atuar como um biólogo em órgãos de preservação ambiental (trabalho diretamente associado à conservação do planeta) até desempenhar uma função administrativa em uma empresa com atuação comprovadamente alinhada à agenda ESG.
De acordo com o relatório Green Jobs, publicado pela Agência da ONU para Refugiados (ACNUR),o Brasil oferecia 3,09 milhões de empregos verdes em 2018 – contra um pico histórico de 3,36 milhões em 2014.
O relatório destaca, ainda, que desde 2008, quando a Organização Internacional do Trabalho (OIT) iniciou seus estudos anuais sobre empregos verdes no Brasil, a economia verde cresceu 17% (até 2018).
Os setores que mais cresceram nesse período foram os de Telecomunicações e Teleatendimento, seguidos por Manutenção, Recuperação e Reparação (com destaque para veículos automotores e equipamentos da indústria mecânica) e Saneamento e Gestão de Resíduos (sobretudo na coleta de resíduos não perigosos).
Surpreendentemente, o setor que mais se contraiu em números de postos de trabalho verdes foi o de Produção e Manejo Florestal.
Dentre as atividades verdes que mais fecharam vagas de emprego destacam-se Cultivo de Cana-De-Açúcar, “Atividades Relacionadas a Esgoto, Exceto a Gestão de Redes” e “Atividades de Apoio à Produção Florestal”.
O relatório também identificou importantes disparidades regionais.
Enquanto os Estados de SP, RJ e MG concentram mais de 50% dos empregos verdes do Brasil, apenas 4% deles (cerca de 137 mil postos) estão na região Norte (com destaque para PA e AM).
Emprego verde tem futuro?
O UNEP afirma que o emprego será afetado de pelo menos quatro maneiras à medida em que a economia se tornar mais sustentável:
-Em alguns casos, empregos adicionais serão criados – como na fabricação de dispositivos de controle de poluição adicionados aos equipamentos de produção existentes;
-Alguns empregos serão substituídos. É o caso da mudança de combustíveis fósseis para renováveis; da substituição de transporte de cargas em caminhões para trens; e de um menor uso de aterros sanitários e de incineração de resíduos conforme aumenta a reciclagem;
-Certos empregos podem ser eliminados sem substituição direta – como quando alguns materiais de embalagem são desestimulados ou proibidos, interrompendo sua produção;
-Ocupações já existentes, como encanador, eletricista, metalúrgico e funções na construção civil, por exemplo, serão transformadas e redefinidas à medida que os conjuntos de habilidades do dia-a-dia e os métodos de trabalho forem ficando mais “verdes”.
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