O que fazer com tanto lixo plástico no mundo? As imagens deste tipo de resíduo são as mais disseminadas e impactantes – seja nas ruas, nos aterros, nas florestas ou mesmo nos oceanos. A greentech Plastiks tem uma proposta interessante para melhorar a recuperação de plástico e os índices de reciclagem. Fundada em 2021, a startup conecta empresas com projetos de recuperação deste material.
“Construímos a primeira plataforma do mundo que dá às empresas a oportunidade de ações imediatas e verificáveis contra a poluição plástica. Por meio de um marketplace de créditos plásticos facilitamos o patrocínio de recuperação do resíduo”, explica Fernanda Accorsi, head de marketing e comunicação da Plastiks.
Na prática, a greentech busca projetos ao redor do mundo, certifica o funcionamento e os insere em sua plataforma proprietária para que empresas ou até pessoas físicas adquiram créditos plásticos e patrocinem ações que evitem que o material volte para o ambiente seja em um lixão, aterro ou por conta de incineração.
Atualmente já são mais de 20 projetos localizados em países como Brasil, Costa Rica, Costa do Marfim, Gana, Kenia, Tanzânia, Egito, Tailândia, Índia, Indonesia, Sri Lanka, Espanha e Estados Unidos.
“O mercado de créditos plásticos vem para replicar com o que é feito no mercado de crédito de carbono atualmente. Porém ainda não se tem a mesma standarização nos parâmetros e nem um mercado unificado, mas a tendência é que isso chegue também”.
UM NOVO TIPO DE CRÉDITO
De acordo com a executiva, a Plastiks traz alguns diferenciais neste mercado em ascensão. Um deles é trabalhar com a plataforma blockchain e, com isso, adicionar rastreabilidade, transparência e confiança para a cadeia de valor do plástico.
Este tipo de plataforma facilita o processo de registro de transações e de controle de ativos em uma rede de negócios. Nela, cada transação é registrada como um “bloco” de dados que mostram a movimentação de um ativo que pode ser tangível (um produto) ou intangível (propriedade intelectual).
“O recurso permite que qualquer um possa visualizar em tempo real o que acontece na cadeia de gestão de resíduos, evita duplicidade de faturas ou qualquer tipo de informação falsa, como o destino dos plásticos recuperados. Em nossa plataforma conectada é possível analisar o tempo todo o impacto de todo mundo”.
O tipo de certificado digital que a Plastiks trabalha é o NFT, (Non-fungible Token). Cada NFT da plataforma é um crédito plástico referente a um total de plástico recuperado e carrega os dados de forma visível, transparente e imutável.
DIFICULDADE PARA FRAUDES
Neste modelo de marketplace, o uso de ativos digitais para as transações permitem que as informações fiquem abertas. “Acaba com o processo entre a ação e a comunicação da empresa, pois todos os dados da transação estarão disponíveis. Ou seja, o greenwashing não pode existir”, explica a executiva.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Sustentabilidade (INBS), os tipos de greenwashing mais praticados ocorrem por falta de evidências, quando não há provas das declarações relacionadas a ESG, incerteza, quando a declaração é ampla e vaga e declaração falsa.
“A opção das empresas por este tipo de serviço também pode trazer impactos positivos na hora de prestar contas para todos os stakeholders e ainda apoiar o accountability das organizações”.
Aliás, este conceito está cada vez mais presente nas organizações brasileiras de olho no fortalecimento da agenda ESG e na responsabilidade de indivíduos, instituições e governo perante todos.
ALÉM DO MÍNIMO
Para rodar a plataforma, a Plastiks atualmente avalia que um quilo de plástico recuperado vale um dólar. Com isso, 80% vai para o projeto de recuperação de plástico e 20% fica com a startup, que investe, principalmente, em tecnologia para evoluir os processos e angariar mais projetos e empresas interessadas em patrocinar ações sustentáveis.
“Hoje apenas 9% dos resíduos plásticos são reciclados no mundo. A cada ano temos 11 mil toneladas métricas desse material nos oceanos. Isso equivale a cerca de 60 caminhões de lixo a cada hora, por um ano. Nossa proposta é ajudar as empresas além do mínimo exigido e desenvolver ações de impacto positivo, não apenas mitigar o negativo”.
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