A expressão cradle to cradle (C2C) – ou design regenerativo – diz respeito à criação de produtos e negócios projetados para durar além de suas vidas úteis.
Traduzindo ao pé da letra, cradle to cradle significa “do berço ao berço”, um trocadilho com a expressão cradle to grave (“do berço à cova”).
Pensar do “berço ao berço”, num contexto ESG, é conceber produtos e negócios que vão além de sua vida útil, do berço de uma geração até o berço da seguinte, e assim sucessivamente, sem esgotar os recursos em curto espaço de tempo.
Dois dos principais teóricos do cradle to cradle, o químico alemão Michael Braungart e o arquiteto americano William McDonough, autores do livro Cradle to Cradle: Remaking the Way We Make Things, propõe que depois que um produto chega ao fim de sua vida útil, ele pode gerar nutrientes biológicos (com potencial de ser reinseridos no ciclo da natureza) ou “nutrientes técnicos” (capazes de voltar para o ciclo de produção industrial).
A proposta é uma das bases do upcycling, que busca promover um melhor uso dos materiais já existentes, reduzindo o consumo de matérias-primas novas e, consequentemente, diminuindo o uso de energia, a poluição e as emissões de gases de efeito estufa resultantes da produção industrial a partir de matérias-primas não reaproveitadas.
Portanto, o C2C se insere na lógica da economia circular, “que associa desenvolvimento econômico a um melhor uso de recursos naturais, por meio de novos modelos de negócios e da otimização nos processos de fabricação com menor dependência de matéria-prima virgem, priorizando insumos mais duráveis, recicláveis e renováveis”, como define a Confederação Nacional da Indústria (CNI).
O conceito de cradle to cradle não se limita à indústria, já que seus princípios podem ser aplicados em inúmeras áreas de atividade humana, como urbanismo, construção civil, economia e, virtualmente, qualquer outro sistema social.
Quem inventou o cradle to cradle?
O primeiro uso da expressão cradle to cradle é atribuído a Walter R. Stahel e Geneviève Reday-Mulvey em um relatório que ambos produziram para a União Europeia, intitulado The Potential for Substituting Manpower for Energy.
No documento, a dupla esboça uma visão de que a economia se comporta em ciclos (economia circular) e discorre sobre como essa dinâmica impacta na criação de empregos, na competitividade econômica, na gestão racional de recursos e na prevenção de desperdícios. O relatório foi publicado em formato de livro, com o título Jobs for Tomorrow, the Potential for Substituting Manpower for Energy, em 1982.
É possível certificar produtos e negócios como C2C?
Desde o início dos anos 2000, após o lançamento do livro de Braungart e McDonough, ambos detêm a marca registrada da expressão cradle to cradle por meio da consultoria McDonough Braungart Design Chemistry (MBDC).
A instituição outorga certificações para instituições que são bem avaliadas em cinco premissas:
• Os materiais usados em suas atividades devem ser criteriosamente escolhidos em relação ao impacto socioambiental e, no caso de apresentarem risco ao ambiente, isso deve ser identificado e bem comunicado ao público e internamente;
• Reutilização de materiais (reuso, reciclagem, upcycling etc.);
• Avaliação da energia necessária para a produção. Para o nível mais alto de certificação, pelo menos 50% da energia utilizada deve ser baseada em fontes renováveis;
• Uso responsável da água e descarte apropriado;
• Responsabilidade social, incluindo cuidado com os colaboradores e suas condições de trabalho.
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