Mulheres no front: DuPont desenvolve tecnologia para coletes à prova de balas mais flexíveis apropriados aos corpos femininos

Não são apenas policiais homens que estão nas ruas garantindo a segurança pública e se expondo a riscos. As mulheres da polícia também fazem parte deste confronto diário – entretanto, a maioria ainda é obrigada a usar coletes à prova de balas feitos para homens. O equipamento, para elas, é pesado, aperta os seios, machuca o corpo e, pior, deixa folgas nas laterais, o que pode ser um perigo.

“O colete deve ser como uma segunda pele. Deve ser ergonômico, não pode ter espaços abertos, e ser confortável, passar despercebido. Não há como uma mulher vestir um colete fabricado para um homem e obter a mesma performance, isso é evidente, uma vez que as silhuetas são completamente diferentes”, aponta Marcelo Borges Almeida da Fonseca, engenheiro militar, especialista em materiais, e líder do segmento de Defesa da DuPont para a América Latina.

Para resolver esse desafio, a DuPont tem criado novas tecnologias, com fibras que permitem contornar melhor o corpo das mulheres e dar mais flexibilidade nos movimentos, sem abrir mão da resistência balística. O Kevlar® EXO™, lançado em abril, é uma fibra de aramida cinco vezes mais resistente que o aço. Ele é, ao mesmo tempo, leve, flexível, e se adequa perfeitamente a qualquer tipo, tamanho ou silhueta de corpo. A nova fibra também é segura contra chamas e calor (proteção conhecida pelos profissionais como FR, ou Fire Resistance).

Segundo Fonseca, a DuPont oferece a matéria-prima e seus clientes confeccionam os coletes seguindo rígidas normas de segurança. Para os coletes femininos, entretanto, esta norma ainda não existe – o que traz uma área cinzenta para a questão. “A norma internacional, que será seguida no Brasil, deve ser lançada no ano que vem com um capítulo específico destinado às mulheres. Este é um tema que tem demandado muitos estudos, mas como não há normatização, é preciso de boa vontade”, afirmou o engenheiro.

Marcelo Borges Almeida da Fonseca, líder do segmento de Defesa da DuPont para a América Latina.

UMA REALIDADE CADA VEZ MAIS PRESENTE

O contingente feminino nas polícias militares e nas Forças Armadas é cada vez maior. Ou seja: a demanda por coletes específicos para elas existe. Uma pesquisa da Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp) de 2020 apontou que 12% do efetivo da Polícia Militar é formado por mulheres. “Há Estados em que as policiais femininas compõem 20% do total, querendo chegar a 30%. Na Polícia Civil, podem chegar a 28%. Nos EUA, quase 30% do efetivo é composto por mulheres”, completou Fonseca. De acordo com ele, a maior força policial do Brasil é a PM de São Paulo – e no Estado esta compra para a confecção de coletes femininos já existe. “Mas ainda é um esforço solitário, é preciso mostrar esta necessidade para o restante do país”.

UMA HISTÓRIA DE INOVAÇÃO PARA A DEFESA

A DuPont tem uma história de mais de 200 anos ligados à defesa e a materiais de proteção. Fundada em 1802 como uma fábrica de pólvora, a empresa desenvolveu e patenteou o conhecido náilon, na década de 1930. Hoje o polímero é usado em meias, roupas íntimas, maiôs, biquínis, bermudas, shorts e outras roupas. Mas foi inventado especialmente para que a defesa americana confeccionasse seus pára-quedas de guerra.

São inúmeras as curiosas inovações tecnológicas da DuPont ligadas à segurança – recentemente a empresa adquiriu a Tex Tech, indústria responsável por fabricar uma estrutura têxtil com aplicação também aeroespacial. Seu material tem uma tecnologia tão avançada que suporta o impacto da poeira cósmica nos astronautas. Como a velocidade desta poeira é altíssima, a roupa destes profissionais precisa ser forte. Quem sabe o futuro dos atuais coletes à prova de balas venha de uma tecnologia espacial?