O que são soluções baseadas na natureza (SbN)?

Soluções baseadas na natureza (SbN) são ações que visam a proteger, gerir de maneira sustentável ou restaurar ecossistemas naturais a fim de enfrentar desafios socioambientais.

Em outras palavras, as SbN fazem uso de processos e de recursos naturais para lidar com situações variadas como mudanças climáticas, segurança alimentar, conservação da biodiversidade, desastres naturais, segurança hídrica, saúde pública etc.

Numa das definições mais consagradas, elaborada pela Comissão Europeia, as SbN são:

“inspiradas e apoiadas pela natureza, são econômicas, fornecem simultaneamente benefícios ambientais, sociais e econômicos e ajudam a criar resiliência. Tais soluções trazem mais e mais diversos recursos e processos naturais para cidades e paisagens, por meio de intervenções sistêmicas e eficientes em termos de recursos e localmente adaptadas.”

Em 2020, o órgão atualizou a definição com a seguinte ênfase:

“As soluções baseadas na natureza devem beneficiar a biodiversidade e apoiar a prestação de uma série de serviços ecossistêmicos.”

Um exemplo simples de SbN é o plantio de árvores. No combate a inundações em áreas costeiras, elas complementam medidas de engenharia civil para conter alagamentos e deslizamentos. Além disso, em áreas de manguezais, as árvores minimizam o impacto das chuvas no cotidiano e nas atividades econômicas de populações costeiras, servindo também como habitat para aves, peixes e inúmeras outras espécies animais e vegetais, conservando a biodiversidade.

Outra SbN simples, e mais urbana, é a adoção de telhados e paredes “verdes”, cuja vegetação colabora com a diminuição de temperatura local, captação de águas de chuva, diminuição de poluição, captura de carbono e aumento de biodiversidade. 

Quem inventou a expressão “soluções baseadas na natureza”?

A ideia de inventar soluções naturais para resolução de problemas comunitários é tão antiga quanto o costume humano de viver em comunidade. Embora esse conceito seja ancestral, ele ainda está preservado e disseminado em comunidades de povos originários em diversos locais do planeta. 

Até o início dos anos 2000, não havia uma nomenclatura que integrasse práticas tão diversas como uma pesca não predatória, um sistema construtivo que utilize materiais biodisponíveis, um plantio com diversas espécies integradas e simbióticas. Nada disso era nomeado como “solução baseada na natureza” – até porque, por muito tempo na história humana, esses eram os únicos tipos de solução. 

Um dos primeiros usos documentados da expressão “nature-based solution” (que origina a sigla NBS, em inglês) aparece no documento Biodiversity, climate change and adaptation: nature-based solutions from the Word Bank portfolio, publicado pelo Banco Mundial em setembro de 2008.

A instituição apresenta o extenso estudo, focado no desafio ambiental de conter as alterações climáticas e impulsionar o desenvolvimento sustentável, alertando que:

“… os governos, as comunidades e a sociedade civil estão cada vez mais preocupados em antecipar os efeitos futuros das alterações climáticas, ao mesmo tempo que procuram estratégias para mitigar e adaptar-se aos seus efeitos atuais.”

Desde então, as SbN têm se popularizado institucionalmente. Desde 2013, por exemplo, a Comissão Europeia estabelece que as soluções baseadas na natureza são parte das políticas de pesquisa e inovação da União Europeia. 

Em 2018, por sua vez, a Organização das Nações Unidas (ONU) nomeoou seu Relatório de Desenvolvimento Mundial da Água como Soluções baseadas na natureza para a água

No ano seguinte, em sua Cúpula de Ação Climática, em Nova York, a ONU enfatizou as SbN como métodos eficazes para enfrentar as mudanças climáticas e criou a Coalizão de Soluções Baseadas na Natureza, formada por dezenas de países sob a liderança de China e Nova Zelândia.

E quais são os principais exemplos de SbN?

São milhares de iniciativas no mundo todo. A ONU cita quase 200 delas em uma plataforma colaborativa sobre SbN. Destacamos algumas a seguir:

– Preservação de terras indígenas (protegendo a biodiversidade e garantindo segurança alimentar e hídrica para essas populações); 

– Tratamento de esgoto aproveitando a capacidade autoregenerativa de áreas alagadas; 

– Agroflorestas e agroecologia; 

– Recarbonização de solos; 

– Redução no desperdício de alimentos; 

– Fazendas de algas para reduzir as mudanças climáticas; 

– Adaptações na pesca de comunidades costeiras e ribeirinhas para manutenção do ecossistema; 

– Modelos de negócios comunitários para recuperação de corais em larga escala; 

– Cidades ecologicamente positivas.


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