A biomassa pode ser a galinha dos ovos de ouro na geração de biocombustíveis nos próximos anos – enquanto o tão sonhado hidrogênio verde não chega. E o Brasil pode estar na frente desta corrida. Esta é uma das conclusões de um estudo inédito que a McKinsey & Company prepara para apresentar na COP 28, que deve começar no próximo dia 30 de novembro.
“A principal forma de colocar a biomassa em uso para a produção de biocombustíveis é recuperando terras degradadas. O Brasil é um dos únicos países que conseguem fazer esta recuperação a curto prazo, graças à qualidade e o preço do nosso solo”, aponta Nelson Ferreira, sócio sênior da consultoria, líder B2B Latam e Líder Global de Agricultura”.
Isso porque, obviamente, a prioridade do uso da terra, em todo o mundo, é produzir comida. De acordo com o estudo da Mc Kinsey, para abastecer humanos e animais com alimentos, são necessários hoje cerca de 80 milhões de hectares de terra – um número que pode chegar a 130 milhões. Paralelamente há cerca de 700 milhões de hectares que podem ser convertidos, ou seja, recuperados – e, aí sim, usados para a produção de biocombustíveis. Entretanto, é preciso de investimento: recuperar terras degradadas custa caro, algo em torno de US$ 6 mil a US$ 7 mil por hectar.
De todo modo, o mercado está aquecido. Pelo crescimento do uso de energias verdes e limpas, o potencial de demanda por biomassa deve aumentar em até 10 vezes em relação à oferta atual. A consultoria revela que, no Brasil, o mercado potencial de biomassa deve atingir US$ 59 bilhões em 2040 – já existindo atualmente US$ 4,1 bilhões de investimentos de projetos anunciados no país, entre eles biocarbono, biometano e metano renovável.
Segundo Milton Steagall, CEO do Grupo BBF (Brasil BioFuels), em artigo exclusivo para NetZero, o Brasil possui um verdadeiro “pré-sal verde” a ser explorado. São mais de 31 milhões de hectares de áreas degradadas disponíveis para serem recuperadas com o cultivo sustentável da palma de óleo, um produto que permite a produção de biocombustíveis, biotecnologia e geração de energia renovável.
“O Brasil é o país mais competitivo, sem dúvida, para a biomassa. Seus concorrentes diretos seriam o sudeste asiático e o sul da Africa, mas ainda nossa terra tem um potencial melhor. E o mundo vai depender muito da biomassa para gerar biocombustível enquanto não tivermos o hidrogênio verde”, pontua Nelson Ferreira.
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