Saco de lixo é um daqueles itens básicos de uma casa, mas que gera pouca reflexão. Afinal, é um saco para acondicionar os resíduos – orgânicos e reciclados – e mandar para o descarte. Porém, como tudo no mundo, ele também impacta o meio ambiente, seja na produção ou no descarte. Por isso, buscar alternativas de sacos de lixo mais ecológicas é um bom caminho, embora continue sendo fundamental que a sociedade repense o consumo e o descarte.
Fabricante de sacos de lixo há 17 anos, a Embalixo acaba de lançar um saco de lixo zero plástico e compostável, tanto em composteira doméstica como industrial.
O produto não leva polipropileno ou polietileno, matérias-primas de origem fóssil, e faz parte de um plano de neutralização de carbono da empresa, que reduziu as emissões em 35% em 2021 e tem meta de zerar essa taxa até o final do ano, ainda que seja necessário comprar alguns créditos no mercado.
Para isso, foram adotadas medidas como a instalação de painéis de energia solar nas fábricas e escritórios; uma parceria com a Raízen para fornecimento de energia renovável; limitação da velocidade dos caminhões, diminuindo a fumaça emitida pelos veículos, e o desenvolvimento de produtos de menor impacto ambiental.
No portfólio da marca há, por exemplo, saco de lixo vegano, uma linha produzida com 70% de material reciclado e outra a partir da cana de açúcar. Além disso, todos os produtos da Embalixo são recicláveis, conta Rafael Costa, diretor comercial da Embalixo.
“Estamos olhando muito para questões de economia circular e fontes renováveis. Queremos mostrar para o consumidor que mesmo trabalhando com um produto que vai para o lixo é possível pensar nas questões ambientais.”
O mercado sustentável já representa 40% das vendas da empresa. Até o fim do ano, a expectativa é elevar esse número para 45% e chegar a 55% até julho de 2023.
SACO DE LIXO QUE VAI PARA A COMPOSTEIRA
Costa conta que a ideia de desenvolver o saco de lixo zero plástico surgiu no final de 2021. “Já tínhamos desenvolvido algo compostável no passado, mas era um produto que continha polietileno e polipropileno e tinha validade na gôndola. Isso não nos atraiu muito porque esse produto não poderia ser reciclado. Então começamos a desenvolver algumas alternativas no final do ano passado sem plástico na composição”, conta.
Ele explica que os sacos compostáveis com polietileno, usado para dar rigidez ao produto, começam o processo de degradação com a incidência de luz e umidade e, por isso, possuem validade e dificilmente podem ser reciclados.
O novo produto foi desenvolvido com uma combinação dos compostos PLA, um polímero sintético formado por ácido lático; PBAT, produzido a partir de petróleo, porém biodegradável e compostável; e amido, composto de origem vegetal. Com essa composição, esse novo saco de lixo só inicia a degradação quando há contato com organismos vivos presentes na terra, o que faz com que o produto não tenha data de validade e possa ser reciclado se mantido nas condições ideais.
A partir do momento que vai para a composteira, a degradação acontece em 180 dias. Já no aterro sanitário, que é o destino da maior parte do lixo gerado no país, a decomposição demora bem mais para acontecer porque as condições não são as ideais.
“No aterro ele vai, com certeza, iniciar a degradação em no máximo seis meses. Em um ano ele se degrada por completo.”
Segundo ele, a utilização do PLA e do amido garantem que o produto seja, de fato, biodegradável e não oxibiodegradável, o que também é uma vantagem. Um resíduo biodegradável é decomposto por organismos vivos e vira adubo, enquanto o oxibiodegradável se divide em vários pedacinhos mas não desaparece, o que faz com que possa contaminar também rios, lagos e mares.
EM DOIS ANOS, PRODUÇÃO DE SACOS ZERO PLÁSTICO DEVE CRESCER 50 VEZES
Todo o desenvolvimento do saco de lixo zero plástico foi feito internamente, pela área de Pesquisa e Desenvolvimento da Embalixo e levou cerca de 10 meses.
Foram necessários vários testes para chegar a um resultado que tivesse a mesma performance dos sacos tradicionais, incluindo a resistência, característica muito procurada pelo consumidor nesse tipo de produto e costumeiramente dada pelo polietileno. “Na linha de produção, estamos conseguindo utilizar o mesmo maquinário, porém com algumas adaptações em temperatura, rolamentos e tração. Como é início, ainda estamos com uma produção lenta.”
Nas duas fábricas que possui no Brasil, em Hortolândia (SP) e Manaus (AM), a Embalixo produz 2.000 toneladas de sacos de lixo por ano. A expectativa é que até o final de 2022 a produção do saco zero plástico seja de 2 toneladas por mês. Em dois anos, eles esperam produzir 100 toneladas por mês da linha Embalixo Zero Plástico, que chega nas gôndolas dos supermercados de todo o Brasil em meados de agosto em 5 tamanhos (pia e banheiro, 15 litros, 30 litros, 50 litros e 100 litros) e custando o dobro de um saco de lixo tradicional da mesma marca.
“Agora, o maior desafio vai ser mostrar para o consumidor o que esse produto pode agregar para ele e para a sociedade. Precisamos fazer essa linguagem se tornar mais popular. A partir do momento em que isso se popularizar e as pessoas entenderem o que significa, deve se iniciar um processo de experimentação e, aí, o produto vai decolar”, avalia Rafael.
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