De acordo com o Instituto Nacional de Tecnologia e Padrões dos Estados Unidos (NIST, na sigla em inglês), smart grids são:
“Redes modernas que permitem o fluxo bidirecional de energia, usando comunicação nos dois sentidos e técnicas de controle, possibilitando novas funcionalidades e novas aplicações.”
Traduzindo para uma linguagem mais coloquial, trata-se de redes elétricas equipadas com sensores e equipamentos de tecnologia da informação (TI) que possibilitam o monitoramento e a reconfiguração da distribuição elétrica de maneira dinâmica em tempo real.
Por meio desses recursos digitais, é possível operar o sistema de maneira mais eficiente, controlando o fluxo energético de acordo com as necessidades da rede em cada ponto e a cada momento.
Esse avanço na gestão energética potencializa benefícios para todos os envolvidos no sistema, de concessionárias a consumidores. A seguir, explicamos algumas dessas vantagens.
De onde vem a inteligência das smart grids?
Sensores e demais equipamentos digitais instalados ao longo das redes inteligentes permitem que a rede elétrica salte de um modelo analógico – de mera transmissão elétrica com fluxo constante e sem controle – para um padrão digital.
Medidores eletrônicos inteligentes são espalhados pela rede e captam, em diversas fases da transmissão elétrica, as particularidades e irregularidades da distribuição. Desse modo, é possível identificar, em tempo real, variações inesperadas de demanda, apontar falhas na transmissão, estocar energia e reconfigurar a rede para evitar interrupções no serviço.
Como o consumidor se beneficia das smart grids?
Os sensores permitem que o cliente de um serviço elétrico acompanhe seu consumo em tempo real, sem precisar aguardar pela fatura para identificar desperdícios e mudar hábitos de consumo. Outra vantagem é a bidirecionalidade, permitindo que o fluxo de energia ocorra em dois sentidos: da rede para o cliente e do cliente para a rede. Dessa maneira, é possível que pessoas físicas e jurídicas se tornem pequenos produtores de energia elétrica.
Ou seja, se você instalar um painel solar no telhado de casa, por exemplo, pode armazenar o excedente de energia produzida ou direcioná-lo para a rede, recebendo por isso.
E quais são as vantagens para as concessionárias elétricas?
Elas podem identificar quedas de energia na rede em tempo real e acionar com agilidade um reparo físico e até mesmo remoto – redirecionando automaticamente, por outras rotas na rede,, o fluxo de energia para uma região identificada como desabastecida (self healing).
O monitoramento constante também previne o desvio e o desperdício de energia. Com os dados obtidos de toda a rede, a concessionária é capaz, também, de planejar o sistema com mais eficiência.
Quais são os principais motivos para viabilizar as smart grids?
Um dos principais motivos é a facilidade para integrar fontes de energia renovável, como a solar e a eólica, à rede elétrica, com o máximo aproveitamento possível. Buscar essa eficiência é urgente em um país como o Brasil, que desperdiça, na rede elétrica, 16,5% da energia gerada.
De acordo com levantamento feito por alunos de engenharia da Escola Politécnica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), as seguintes localidades contam com projetos de smart grid em território nacional: Barueri (SP) Caucaia do Alto (SP), Curitiba (PR), Fernando de Noronha (PE), Parintins (AM), Rio de Janeiro (RJ), Sete Lagoas (MS), Vargem Grande Paulista (SP).
E o que smart grids têm a ver com cidades inteligentes?
Com redes elétricas digitais, é possível monitorar a iluminação pública em tempo real – contribuindo, inclusive, para a segurança da população –, bem como controlar o tráfego nas ruas, o abastecimento de água e gás e a própria distribuição elétrica.
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