American Tower mostra como usa uma planta solar para manter operação de fibra óptica 100% livre de emissões 

Quando você envia um email, mesmo um daqueles apenas com “ok”, ou “de acordo”, isso significa um gasto de energia elétrica. E gasto energético também significa emissões de CO2. Na Inglaterra, um estudo aponta que, se os britânicos enviassem “um obrigado” a menos por dia, a redução anual de emissões seria o equivalente a 81 mil vôos entre Londres e Madri.

Pesquisas apontam falta de transparência nas emissões do setor de tecnologia, que, ao mesmo tempo, responde com megainvestimentos, como os US$ 925 milhões a serem injetados por Google, Meta, Shopify e Stripe nos próximos oito anos em redução de carbono em suas atividades.

No Brasil, a American Tower, multinacional especializada em torres de comunicação, transmissão de dados e Internet das Coisas (IoT), mantém há dois anos uma operação de fibra óptica neutra completamente livre de emissões de carbono, com o uso de uma planta solar que compensa a energia usada pela estrutura da companhia em Minas Gerais. Hoje os principais clientes da companhia no país são operadoras de banda larga e telefonia, além de administrações públicas.

A empresa concentra no estado seu investimento neste tipo de fibra – que pode ser compartilhada por vários usuários, uma realidade impulsionada pela tecnologia 5G e que diminui a necessidade de infraestrutura e servidores, e consequentemente, reduz o consumo de energia. 

A fazenda solar da American Tower está em atividade desde 2020 com 4.965 painéis, instalados em parceria com a CGC Energia. Com uma capacidade de geração de 3.400 MWh em energia ao ano, a instalação devolve à rede elétrica o consumo da companhia, que atende 110 cidades mineiras com serviços de fibra óptica neutra.

Segundo Carlos Droppelmann, diretor sênior de sustentabilidade da American Tower para a América Latina e Europa, além da disponibilidade solar do país, a legislação brasileira foi um fator que ajudou a estruturar essa operação “verde”. O executivo ressalta também a estrutura prévia da American Tower, que atua há 20 anos no Brasil, como um diferencial competitivo que permite a adaptação para a redução do uso de eletricidade e, consequentemente, de emissões. 

“Sabemos muito bem que as novas tecnologias estão aumentando o consumo de energia, isso é um tema global. É preciso ter esse nível de preparação e olhar para tecnologias que reduzam a pegada e entreguem soluções de infraestrutura compartilhada, por exemplo, evitando mais linhas de fibra ligadas a mais equipamentos e gastando mais energia. As inovações para o 5G vão no sentido de soluções mais eficientes e sem gerar mais emissões de CO2 ao ambiente.”

INVESTIMENTO SOLAR

Além da planta em Minas Gerais, a companhia está levando tecnologia de energia renovável para 2.700 torres de transmissão no país com balizamento solar, sistema que usa painéis solares para abastecer a estrutura. “Com balizamento e luz LED, ajudamos os clientes a baixar emissões do escopo 3 [relativo a prestadores de serviço], pois o balizamento é uma tecnologia que elimina a necessidade de energia elétrica”, detalha Droppelmann. 

No Brasil, a American Tower possui 23 mil pontos de transmissão de dados, sendo 19 mil torres e 4.000 estruturas em topos de prédios, os “rooftops”. A companhia atua em todos os estados da federação e no Distrito Federal.

Segundo o executivo, o uso de energia solar como fonte de redução de emissões não é hoje uma exclusividade para grandes empresas. O barateamento da tecnologia das placas solares permite hoje operações em menor escala, que podem também sustentar pequenos negócios. 

“Esta opção está no alcance de quase todos. Com a legislação e o desenvolvimento do acesso a energias alternativas, os custos de implementação destas soluções baixam cada vez mais. Há um ponto de inflexão. Os custos subiram um pouco devido à pandemia e aos fluxos de importação de cobre e lítio, mas há também a opção da energia eólica. Sem dúvida, há modelos que tornam possível isso ser incorporado. É possível na América Latina um pequeno empresário instalar seu painel solar e ainda fornecer a sobra desta energia ao distribuidor.”

Droppelmann coloca Brasil e Chile como líderes na implantação da tecnologia 5G na região, e elogia a conectividade nestes dois países. Segundo ele, a pegada de carbono da American Tower na América Latina representa apenas 1% das emissões mundiais da companhia, algo proporcionado pela disponibilidade de luz solar e também pela boa rede elétrica instalada. Em locais rurais e países menos estruturados, a necessidade de recorrer a motores a diesel é muito maior para manter geradores de energia funcionando, por exemplo.

“Para diminuir este tipo de emissões, a American Tower aposta em baterias de lítio, que podem ser carregadas via placas solares, substituindo assim a necessidade de combustível fóssil para garantir a transmissão de dados em áreas remotas da Colômbia e da África”, afirma Droppelmann.

INTERNET DAS COISAS

Além da questão da pegada de carbono, a transmissão de dados pode ainda gerar impacto social. 

O Brasil é hoje o maior mercado de Internet das Coisas (IoT) para a multinacional, que fomenta parcerias tanto para a produção de equipamentos como para projetos de inovação e impacto social. Ao usar uma rede capaz de manter dispositivos e sensores online, é possível traçar diagnósticos sobre iluminação pública e a situação dos bueiros da cidade, entre outras iniciativas. 

Em 2020, a American Tower apoiou a Noah Smart City Company em parceria com a cidade do Rio de Janeiro em um projeto que coleta dados em tempo real para alertar comunidades sobre possíveis eventos de inundação. Sensores instalados em bueiros monitoram o nível da água, possibilitando de forma prática se antecipar a eventos de potencial danoso. 

No ano seguinte, o número de sensores foi ampliado. Tanto o governo local pode usar o monitoramento de IoT para trabalhar na prevenção, quanto moradores podem usar o aplicativo móvel do projeto para receber alertas em tempo real.

Em Recife, um projeto iniciado em abril deste ano pretende monitorar 10 mil luminárias públicas da cidade, acompanhando o funcionamento e eficiência das lâmpadas LED de forma remota. A American Tower fornece sua rede para que a plataforma da empresa parceira, BottomUp, faça a gestão dos IPs (identificação dada para cada luminária). A prefeitura administra as informações.

“Todas as comunicações entre as luminárias e a plataforma são recebidas paralelamente por diversos gateways da rede da American Tower, o que garante uma alta disponibilidade do serviço, com custo zero de instalação e um baixíssimo custo de operação”, explica Frederico Braga, CEO da BottomUp.

No mesmo molde da parceria feita em Pernambuco, a companhia mantém outras cerca de 12 empresas colaboradoras no desenvolvimento de projetos de internet das coisas. Droppelman afirma que a American Tower tem no Brasil “seu maior desenvolvimento de IoT no mundo”, com mais de mil torres dedicadas em 170 cidades.