Como uma empresa que gera energia 100% limpa pode ampliar sua contribuição para a construção de um futuro mais inovador e sustentável? A resposta é: investindo em pesquisa e no desenvolvimento científico do País.
Uma das líderes do setor, a CTG Brasil vem, ao longo dos últimos anos, trabalhando no desenvolvimento de projetos e tecnologias que alavancam seus negócios e aceleram a transição energética. Soluções para otimização da geração eólica e solar, combinadas com armazenamento por baterias e hidrogênio verde, além de avaliar a geração offshore e a implementação de usinas reversíveis, estão entre as iniciativas.
Só no ano passado, foram R$ 23,8 milhões investidos no programa de PDI (Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação), que direciona verbas seguindo requisitos da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) – valor 46% maior do que a obrigação legal imposta pelo programa, com mais de 20 projetos em andamento.
CONSTRUÇÃO DE ECOSSISTEMA DE INOVAÇÃO
A empresa acredita que pode trazer ainda mais inovação ao setor elétrico quando conectada a instituições, startups e universidades, incentivando o compartilhamento de conhecimento e a troca de experiências, no Brasil e no mundo. É neste cenário que a empresa e o Senai uniram sua capacidade de construir projetos tecnológicos e inovadores. A parceria nasceu no início de 2020 e já investiu R$ 45 milhões em projetos voltados para pesquisa e desenvolvimento de novos produtos e soluções em energia limpa.
“Percebemos que não basta a conexão, é preciso ter vocação e habilidade. A parceria com o Senai nasce para resolver desafios tecnológicos”, explica Carlos Nascimento, gerente de Pesquisa e Desenvolvimento da CTG Brasil.
A primeira iniciativa deu origem à Missão Estratégica Hidrogênio Verde, a maior chamada pública já realizada no Brasil para projetos de inovação na área. O edital recebeu inscrições de 31 projetos, de 13 estados diferentes, e selecionou três deles para receber apoio. No contexto do projeto, CTG Brasil e Senai receberam o convite do Porto de Suape, localizado na região metropolitana de Recife, para fazer testes-piloto no local e, assim, dar origem a um Tech Hub na região portuária da cidade.
Um dos projetos vencedores da chamada pública feita por CTG Brasil e Senai é uma plataforma verificadora para a comercialização do hidrogênio verde. “Hoje você compra um carro elétrico, põe na tomada e acha que está fazendo a melhor coisa do mundo, por ser elétrico. Mas essa energia pode estar vindo de uma fonte nuclear térmica, por exemplo. Então, para valorizar as iniciativas ESG da indústria brasileira, estamos criando uma plataforma com tecnologia de rastreamento por blockchain para garantir que o hidrogênio utilizado seja realmente verde”, explica Nascimento. Quando disponível no mercado, a tecnologia permitirá à indústria brasileira garantir a origem verde de seus produtos.
Quanto às possíveis aplicações do hidrogênio verde, o gerente de PDI da CTG Brasil explica que o leque é amplo –e a substituição do hidrogênio cinza é o primeiro caminho.
“Grande parte de nossa indústria precisa de hidrogênio, mas é o cinza, vindo do combustível fóssil. Temos aplicações e uso do hidrogênio como insumo na produção de fertilizantes agrícolas, cosméticos, combustível, na hidrogenação do carvão, na obtenção do aço, entre uma infinidade de aplicações.”
Segundo o gerente executivo do Senai, Marcelo Prim, a indústria brasileira deseja que os produtos nacionais sejam mais verdes, mais sustentáveis e que as soluções desenvolvidas se encaixem nas demandas nacionais. “A principal oportunidade para uso do hidrogênio verde no Brasil não é para exportação, mas para a própria indústria, seja do aço, química ou petroquímica.” Ou seja, o País pode ampliar o consumo de energia renovável em toda a cadeia, com isso, acelerar a transição para uma economia de baixo carbono.
“Recentemente, adotamos como planejamento estratégico o apoio à indústria brasileira no desenvolvimento de soluções para atingir a neutralidade de emissões em carbono até 2050, que foi um compromisso firmado na COP26. É um desafio enorme, com uma série de vantagens competitivas”, afirma Prim, que coordena da Alemanha os projetos em parceria com a CTG Brasil. Com apoio do instituto Fraunhofer, Prim diz que, eventualmente, o excedente da produção brasileira de hidrogênio verde poderá vir a ser exportado e apoiar a transição energética de outros países.
INVESTIMENTO EM ARMAZENAMENTO EM LARGA ESCALA
Depois do sucesso na chamada pública sobre hidrogênio verde, CTG Brasil e Senai lançaram neste ano um novo edital voltado para apoio a projetos, desta vez em busca de inovação para armazenamento de energia em larga escala.
A parceria com o Senai deverá trazer soluções para três grandes desafios do setor: a implementação de Sistemas de Armazenamento Integrado com planta solar, eólica e híbrida; tecnologias de gerenciamento, controle e comercialização de energia e a reciclagem e reuso de baterias. Estão previstos R$ 24 milhões para o financiamento dos projetos. É mais um passo da parceria entre CTG Brasil e Senai para construir caminhos inovadores rumo a um mundo movido à energia mais limpa.
EM BUSCA DE TECNOLOGIA 100% BRASILEIRA
O gerente executivo do Senai destaca que o uso de eletrolizadores alcalinos, energia solar, eólica e armazenamento de energia em baterias fazem parte da espinha dorsal da pesquisa e inovação na Europa e que essas tecnologias também encontram grande potencial de desenvolvimento no Brasil.
“Temos no Brasil o privilégio de contar com energia solar e eólica, principalmente no Nordeste. No restante do País, há hidrelétrica e biomassa, que é capaz de capturar carbono. O Brasil como um todo tem uma matriz energética muito plural. A oferta de novas fontes virá necessariamente de energias renováveis.”
Há, no entanto, alguns desafios, como a necessidade de marcos regulatórios e incentivos públicos e, enquanto isso não chega, o foco está no desenvolvimento tecnológico. “Nós temos mercado e aplicação, os países mais desenvolvidos têm tecnologia. É possível desenvolver, a partir desse conhecimento compartilhado entre Brasil e Alemanha, por exemplo, uma tecnologia 100% brasileira”, diz Prim.
Para os próximos dois anos, ele projeta um cenário positivo para a ciência no Brasil, no qual a pesquisa voltada para novas fontes de energia estará fortalecida. “A indústria, que já é protagonista na transformação energética, vai dar passos mais largos para que possamos acelerar, quem sabe até antes de 2050, a neutralidade de carbono.”
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