A sinceridade, os valores, a diversidade e a importância de trabalhar em conjunto foram os principais assuntos que marcaram o Fórum de ESG para RH da ABRH Brasil (Associação Brasileira de Recursos Humanos), que aconteceu em 28 de setembro, em São Paulo – o maior evento do ano para o setor.
Trata-se, sem dúvidas, de um marco para uma nova era dos recursos humanos no país.
“Sou do tempo em que a pessoa de RH perguntava, antes da contratação: Você é capaz de separar a vida pessoal da vida profissional? Hoje em dia nem existe resposta para uma pergunta absurda dessas”, comentou Renata Fabrini, sócia-fundadora da Plongê.
Denise Hills, especialista em sustentabilidade estratégica e inovação, completou, com sabedoria: “Tenho muito medo de quem tem tantas certezas na vida. Acho que é preciso coragem e ousadia para responder: Eu simplesmente não sei responder ao que você quer saber”.
Nesta mesma linha da sinceridade como um valor inegociável, Malu Weber, VP de Comunicação do Grupo Bayer no Brasil, emocionou a platéia quando narrou um problema de saúde delicado em sua família, e resumiu: “Não adianta só ter competência técnica; tem que ter competência humana. A comunicação precisa ajudar as empresas a serem verdadeiras. Ser transparente também significa dizer: ‘Hoje não posso te dar esta informação’””.
A RESPONSABILIDADE E O PROTAGONISMO DO RH
Denise Hills reafirmou a importância do profissional que contrata num mundo que precisa urgentemente de empresas mais responsáveis.
“A gente não precisa de mais empresas no mundo e sim de empresas melhores para o mundo, que entendam a dinâmica que vivemos e que o impacto não é opcional. O grande papel de quem contrata é o de não se ausentar desta mobilização, desta sociedade, que exige uma liderança com presença de espírito e consciência”
Ela lembrou ainda que as equipes internas estão cada dia mais diversas e este é outro grande desafio do RH. “É a primeira vez na história que vamos ver 5 gerações convivendo dentro de uma mesma empresa. O que significa conviver com essa diversidade toda? De quem é a responsabilidade? Quem é o líder que será escolhido para ser respeitado?”, questionou.
Para Ricardo Voltolini, CEO da consultoria Ideia Sustentável, os profissionais de Recursos Humanos devem, cada vez mais, fazer parte direta das tomadas de decisões ESG. “Minha inconformidade vem do fato de que muitos RHs ainda não se sentem protagonistas – estão acuado e reativos”.
EXPERIÊNCIAS FORA DA EMPRESA
Voltolini falou um pouco sobre a forma que acredita no papel da educação corporativa em ESG. Para ele, as ações mais efetivas são aquelas fora da sala fechada e do powerpoint. “É importante sair da empresa e fazer vivências”, disse, ao narrar uma experiência interessante sobre gestão de resíduos que presenciou na Pepsico.
Na mesma esteira, Carlos Pignatari, diretor de impacto positivo na Ambev, propõe mais vivências práticas e menos reuniões a portas fechadas.
“Vamos falar de ESG? Então vamos até a periferia, até o local exato onde há pessoas que precisam ser incluídas, por exemplo. A marca precisa entender seu impacto positivo e isso só acontece participando do dia a dia. O melhor instrumento de inovação? Conversar com as pessoas. Gastar sola de sapato. Não consigo compreender outra forma de aprendizado que não seja prática”.
Para lidar com pessoas, o principal foco do trabalho do profissional de Recursos Humanos, é preciso uma boa dose de pé no chão. E sabedoria. É o que lembrou Michelle Araújo, executiva sênior de sustentabilidade, conselheira e mentora de futuros regenerativos:
“A gente fala muito em transformar culturas, mas as culturas são feitas por pessoas. E a gente não muda as pessoas. É preciso pensar em como achar caminhos de transformação, sabendo que não vamos mudar o outro. É possível trazer referências, criar espaços de diálogos, construir agendas comuns – os espaços de desenvolvimento territorial ajudam a pensar nas prioridades e a sensibilizar as lideranças para que ela entendam o cenário que estão”.
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