O slogan da COP 27 foi a ‘COP da implementação’. No entanto, o evento ficou marcado por poucos avanços e muita estagnação nas decisões da Conferência Climática. Segundo análise do World Benchmarking Alliance, de 2.000 empresas globais monitoradas, a maioria não tem metas de sustentabilidade explícitas e, entre aquelas que têm, poucas estão no caminho para realmente alcançá-las. Mesmo as organizações que estão progredindo, na maioria dos casos, implementam mudanças lentas e incrementais, sem realmente endereçar uma transição efetiva para uma nova economia.
Por que os avanços têm sido lentos nas organizações?
Precisamos lembrar que quando falamos de transição econômica, mudanças climáticas, redução de desigualdades, ética, transparência, diversidade, ESG e ODS, no fundo, estamos falando da necessidade de uma profunda transformação cultural.
E este é o ponto cego da maioria das organizações diante da agenda ESG e dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Não adianta nada se comprometer com metas e objetivos de desenvolvimento, enquanto as organizações não possuírem cultura e lideranças capazes de avançar com a agenda.
Ou seja, falamos muito sobre ações de meio ambiente, mas ainda “educamos” pouco as lideranças que estão dentro das empresas, sobre comportamentos e habilidades necessárias que junto de uma cultura organizacional são fatores críticos de sucesso na qualidade de práticas ESG. Isso se deve, principalmente, pela dificuldade de mensuração dos resultados em uma visão de longo prazo e da conexão com diversos temas transversais e múltiplos atores que se relacionam com essas organizações. Requer, portanto, um exercício de saber olhar para si, questionar crenças, assumir responsabilidades, saber ouvir e se propor a reflexões.
A partir do modelo de avaliação desenvolvido pela Humanizadas, descobrimos que fatores como liderança e cultura não apenas são fatores críticos para o impacto em questões ambientais, sociais e de governança, como também no próprio resultado financeiro.
Dar voz e lugar de fala aos stakeholders (colaboradores, clientes, parceiros e sociedade) pode ser um caminho para iluminar esses pontos cegos. São soluções ainda desconhecidas ou incertas do ponto de vista do negócio, porém já chamam a atenção do mercado. E tem crescido o interesse por causa do outro lado da balança: o “público” tem o poder de escolha – se querem consumir de organizações que levem a sério a agenda ESG; bem como seus parceiros e clientes têm o poder de escolher com quais empresas fazem negócios ou não no mercado; e o colaborador onde quer ou não trabalhar.
RATINGS GANHAM ESPAÇO
Todas as organizações almejam resultados melhores: mais retorno financeiro, crescimento da base de clientes, melhor reputação, redução de impactos ambientais e promoção de bem-estar. E para avançar efetivamente na agenda ESG, para além de olhar resultados imediatos, indica-se avaliar as práticas de negócio, iniciar compreendendo o estágio de maturidade do negócio nesse pilar. Identificar os principais temas relevantes para a organização e as partes interessadas, os stakeholders. Outra maneira de avaliar suas práticas de negócios é, por exemplo, seguindo os critérios do GRI (Global Reporting Iniciative), ISO, Sistema B ou das Agências de Rating ESG. Esses instrumentos ajudam a informar e educar o mercado sobre a transformação que a agenda de sustentabilidade vem exigindo das organizações.
Para os casos de organizações que buscam ir adiante, e passam a olhar não apenas para os resultados e as práticas de negócio, e também integrar o olhar para a qualidade da liderança e da cultura da organização.
É a qualidade das pessoas de uma organização que irá influenciar a qualidade das práticas e, consequentemente, a qualidade dos resultados dessa organização.
O rating ESG que acreditamos reflete não apenas a performance e as práticas das organizações, mas também os comportamentos que precisam ser ajustados, mudados ou desenvolvidos. Qual o papel da sua empresa enquanto parte da sociedade? Que valor estamos querendo compartilhar? Quais são os aprendizados, mudanças ou inovações necessárias para impulsionar essa cultura? E quais habilidades a minha liderança precisa ter para influenciar pessoas de forma consistente e positiva? Assim, os ratings focados em ESG também realizam uma comparação dos impactos do quanto o negócio conseguirá crescer frente ao mercado atual, garantindo a prosperidade econômica e a sustentabilidade para pessoas e planeta.
**Pedro Ernesto Paro é o CEO e fundador da Humanizadas, empresa de avaliação multistakeholder em ESG orientada à Inteligência de Dados. É pesquisador de doutorado do Grupo de Gestão de Mudanças e Inovação da Universidade de São Paulo (EESC/USP). Para conhecer mais sobre o seu trabalho, basta seguir as redes sociais @pedroernestoparo e @humanizadas.br.
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