Relatório internacional aponta que BC pode determinar iniciativas relacionadas às mudanças climáticas no Brasil

O Banco Central do Brasil pode ter um papel fundamental nas decisões de políticas e iniciativas voltadas a mudanças e riscos climáticos no país. Esta é uma das conclusões apontadas no relatório “ESG Sob Tensão” do Thomson Reuters Institute ao citar os principais compromissos de cada país do G20. Também foi mencionada a Superintendência de Seguros Privados (Susep) que analisa um projeto voltado para seguradoras que estabelece os requisitos de sustentabilidade. 

“As regras determinadas pelo BC são derivadas das recomendações da Força-Tarefa Internacional sobre Divulgações Financeiras Relacionadas ao Clima, mas não se limitam a uma perspectiva climática. De acordo com elas, os bancos devem produzir um relatório anual sobre riscos e oportunidades sociais, ambientais e relacionados ao clima, a partir de uma data de referência de dezembro de 2023′, diz o documento.

O órgão solicita às supervisionadas que implementem gestão dos riscos de sustentabilidade (ambientais, sociais e climáticos), política de sustentabilidade e, claro, relatórios. O objetivo é promover a resiliência do mercado segurador, por meio de uma melhor gestão de riscos e da consideração de aspectos relativos à sustentabilidade na estratégia das supervisionadas. Além disso, a Susep acredita que o setor segurador contribuirá para a difusão de práticas sustentáveis para outros setores da economia, tendo em vista os papéis que desempenha como gestor/tomador de riscos e investidor institucional.

O relatório da Thomson Reuters Institute, empresa especializada em serviços de informação para negócios, afirma que 2022 foi um ano em que houve “uma tempestade – quase perfeita – de forças geopolíticas, sociais e econômicas que colocou os objetivos ambientais, sociais e de governança (ESG) de empresas, investidores e governos sob pressão”.

Os exemplos citados foram o aumento dos preços da energia e a polarização política das questões ESG nos Estados Unidos. “A força mais poderosa e disruptiva, no entanto, é indiscutivelmente a invasão da Ucrânia pela Rússia, que criou uma necessidade premente de fortalecer a segurança energética e, provavelmente, exigirá mais extração de combustíveis fósseis a médio prazo”.

O QUE DEVE ESTAR NA AGENDA

O relatório se concentrou em dois problemas que afetam todas as empresas e devem estar na agenda dos conselhos e da alta administração: o greenwashing e o ritmo desigual da regulamentação ESG entre os países.

“Fica cada vez mais claro que as empresas serão responsabilizadas, pelo governo e órgãos reguladores a respeito do que dizem estar fazendo em ESG. Além disso, elas devem alinhar suas operações para levar em conta as crescentes regras e regulamentos do ESG, particularmente em termos de divulgação de quais são suas emissões de carbono nos vários países em que operam”.


De acordo com o documento, embora a supervisão regulatória possa estar em diferentes velocidades e em diferentes jurisdições, as empresas não podem ignorar o fato de que o ESG se tornou um risco regulatório e de reputação. Por isso, reguladores, investidores e outras partes interessadas, incluindo grupos ambientais e organizações não-governamentais, estarão de olho no que as empresas estão fazendo para combater as mudanças climáticas e gerenciar questões sociais.

Nas considerações finais, um recado: o ESG sobreviveu às turbulências e pode-se aguardar que não vai desaparecer tão cedo.


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