O cultivo de alimentos em casa ganhou ares de superpoderes. Ninguém mais precisa de um quintal gigante para plantar e colher suas hortaliças – até para isso a tecnologia deu conta. É possível cultivar seu próprio alimento na janela de casa de uma forma eficiente, prática, nutritiva e sustentável. A proposta é da empresa gaúcha de sementes ISLA e atende pelo nome de microverdes.
Esses vegetais comercializados pela mais antiga empresa do ramo em atividade na América Latina são bem pequenininhos e parecem comida de boneca. Uma folha mede, na maioria das vezes, menos de meio centímetro. Sua fortaleza, porém, está na velocidade de crescimento – o tempo entre plantio e consumo é de cerca de uma semana, no máximo 21 dias – e na concentração de nutrientes – são a segunda fase de vida de uma planta, o ápice nesse sentido.
Não à toa, os microverdes são frequentemente mencionados pela Food and Agriculture Organization (FAO), braço para alimentação da Organização das Nações Unidas (ONU) por sua importância na alimentação eficiente e sustentável da crescente população do planeta, especialmente nas cidades, que concentram mais da metade das pessoas.
Além de estar em conexão com o conceito de economia verde, a ideia caminha lado a lado com a filosofia da empresa fundada em 1955 pelo casal Plínio Werner e Dulce Lea Spalding como resposta à constante falta de hortaliças da época e que tem como foco chegar a todos os municípios do Brasil (hoje está em pelo menos 4 mil dos 5,5 mil). Andrei Santos, sócio e diretor de planejamento estratégico da ISLA, explica:
“O conceito de microverdes, que podem ser cultivados de forma eficiente em pequenos espaços e nos próprios locais em que serão consumidos, tem tudo a ver com sustentabilidade e está intimamente relacionado à política da ISLA de dar acesso à oportunidade de se viver a experiência de plantio a partir de uma semente. Além disso, nossas sementes são livres de agrotóxico e transgênicos.”
Outras vantagens sustentáveis desses vegetais, adicionados em 2019 ao já diversificado portfólio de produtos da ISLA, que conta ainda com mais de 100 espécies e 700 cultivares, são:
- Menos desperdício: com mais nutrientes em tamanho reduzido, as chances dos vegetais irem parar no lixo são menores. De acordo com um estudo da Universidade de Maryland (EUA), o microverde de rúcula contém 40 vezes mais nutrientes do que na fase adulta. O de coentro, oito vezes mais betacaroteno.
- Reforço da dieta “plant based”: a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda, para uma vida saudável e um sistema imunológico fortalecido, 400 gramas diários de frutas e hortaliças. A Itália, grande exemplo, consome 900 gramas. “Estamos muito distantes de ser um país que come bem nesse sentido – no Brasil, esse número é de 150 gramas e também está relacionado ao hábito e à experiência de plantar em casa, que não é tão comum em diversas regiões por aqui”, diz Santos.
- Menor uso de água: como não demanda sol direto, apenas luz, a rega é menos frequente. No caso dos produtores maiores, vale lembrar que a maioria dos que trabalham com microverdes utiliza sistemas hidropônicos, com menor uso de água que o cultivo tradicional e baixo descarte.
- Sem químicos: dificilmente há tempo suficiente para pragas e doenças atacarem, dispensando o uso de inseticidas – inclusive os naturais – e adubos.
- Menos transporte e embalagem: ao produzir, ao menos em parte, seus vegetais em casa, você reduz o transporte que os levaria até os supermercados e também diminui o volume de embalagens que consome. A mesma regra vale para a agricultura urbana, mais próxima do principal centro consumidor.
“Os kits de cultivo da ISLA só incluem plástico no saquinho que guarda a terra, por conta do controle da umidade de cultivo, mas sugerimos que ele depois seja usado como regador e não descartado. Para aproveitar ao máximo os materiais, a caixinha da embalagem do kit vira a bandeja de cultivo.”
- Apoio ao conceito de segurança alimentar e nutricional: tema do segundo Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, Fome Zero e Agricultura Sustentável.
SUPERALIMENTO TAMBÉM PARA PETS
A grande novidade da empresa é o lançamento da linha pet, que reúne microverdes de rúcula, couve e mostarda para pássaros e de trigo para gatos, com todas as mesmas vantagens dos produtos para seres humanos.
Entretanto, por enquanto, nós, humanos estamos na frente e contamos com uma variedade maior. Estão disponíveis em kits de cultivo, que incluem também a terra para plantio, agrião, alface, amaranto, beterraba, cebola, cenoura, ervilha, couve, coentro, girassol, manjericão, mostarda, rabanete e repolho. Juntos, eles são uma festa para os olhos e, por que não?, para o paladar. O sucesso que as folhinhas fazem com as crianças comprovam: definitivamente elas são gostosas, sim. E não, não têm todas o mesmo gosto.
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