“A maternidade despertou meu olhar para um investimento sustentável”, diz Deborah Secco, sócia do Peça Rara Brechó

O investimento em negócios sustentáveis vem chamando a atenção de todos os segmentos – e não apenas de quem respira o mundo corporativo. O show business, por exemplo, é uma área que já entendeu a importância deste tipo de investimento e diversos porta-vozes estão se manifestando nos últimos tempos. A atriz e empresária Deborah Secco é uma delas. Apaixonada pelo empreendedorismo, ela decidiu apostar no consumo consciente: tornou-se sócia da rede de franquias Peça Rara Brechó, fundada por Bruna Vasconi (atual CEO) em Brasília, em 2007.

“O nascimento da minha filha me fez ver a quantidade de roupas, brinquedos, acessórios que ela ganhou e que eu jamais conseguiria usar”, disse Deborah, em entrevista exclusiva a NetZero.

Depois desse “clique”, investir no Peça Rara foi um caminho natural para a atriz. No mercado há mais de 15 anos, a rede de franquias já vendeu 12 milhões de itens segunda mão – número equivalente a uma economia de 40 bilhões de litros de água, outro bicho papão ambiental da indústria da moda, setor que soma 4 milhões de toneladas de lixo têxtil todos os anos.

Desde 2019, a rede de franquias foi além em sua missão de incentivar a reutilização de produtos second hand (de segunda mão), reduzir seu descarte e promover o ciclo completo de economia circular. Criou um programa de responsabilidade social, o Instituto Eu Sou Peça Rara. A ideia é angariar roupas que não atendam requisitos básicos para vendas ou que não foram comercializadas no período de seis meses a um ano e realizar bazares beneficentes. Nesses eventos, as peças são vendidas a preços simbólicos (de R$ 5 a R$ 50), e valor arrecadado vira doações para associações parceiras.

Além disso, o instituto inaugura este mês sua primeira creche, com capacidade para receber até 300 crianças, construída e criada a partir de recursos acumulados.

Abaixo, Deborah Secco conta a NetZero por que acredita que negócios sustentáveis como a Peça Rara são cada vez mais importantes e como todo mundo pode – e deve – fazer parte do movimento em prol de uma moda mais consciente.

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NETZERO: Como a sustentabilidade faz parte da sua vida?
DEBORAH SECCO:
Eu sempre me preocupei com sustentabilidade ao reciclar lixo, usar produtos biodegradáveis, preservar o meio ambiente, economizar água e energia elétrica, entre outras atitudes.

Você é sócia de outras três empresas (Espaço Facial, Mais Cabello e Singu). Como essa experiência estimulou você a partir para um investimento sustentável?

Na verdade, cada vez mais o empreendedorismo é parte importante da minha vida, dos meus negócios. Continuo buscando o empreendedorismo para o meu dia a dia e fez sentido, por conta da maternidade, essa oportunidade da Peça Rara. O nascimento da minha filha me fez ver a quantidade de roupas, brinquedos, acessórios que ela ganhou e que eu jamais conseguiria usar. Então, isso me fez pensar que seria o momento de passar para frente os itens que não estavam em uso.

O setor da moda é um dos mais nocivos ao meio ambiente, especialmente por conta do lixo que gera. Foi isso que incentivou você a investir na Peça Rara?

Quando fui apresentada à Peça Rara pelo José Carlos Semenzato (presidente do SMZTO, grupo de investimentos), “casou” a minha ideia de contribuir de uma maneira mais efetiva para a sustentabilidade e cuidados com o planeta. O brechó também promove a economia circular por meio da venda dos itens que não passam no controle de qualidade das lojas. Eles são revendidos num bazar a preços simbólicos, e o valor arrecadado, reinvestido em obras assistenciais no Instituto Eu Sou Peça Rara e seus parceiros.

Por que um negócio sustentável é um investimento que pode ser lucrativo e vale a pena?

Todo mundo tem uma peça esquecida no fundo do guarda-roupas, um item de decoração que não utiliza mais, um sapato que foi comprado por impulso. Com isso, em vez de deixar numa sacola ou largado, você pode contribuir para contar uma nova história.

Eu não uso mais aquela calça jeans, mas alguém pode querer usar. Isso é a ressignificação de itens usados (muitas vezes com etiqueta e sem uso) por outras pessoas.

E todas as peças são reutilizadas, seja nas lojas Peça Rara, ou nos bazares. Isso é uma nova forma de vida, é o consumo consciente, que atinge a todos. Incluindo nós, artistas, que antigamente não podíamos sequer repetir uma roupa, pois gerava burburinho. Hoje naturalmente usamos itens emprestados, sem que isso seja comentado de maneira pejorativa.