COP28 em Dubai: quais foram os principais avanços e desafios que ficaram para a agenda da transição energética global

A Conferência das Partes, ou COP, desempenha um papel crucial na definição de estratégias globais para combater as mudanças climáticas. A COP28, realizada recentemente em Dubai, testemunhou avanços significativos na pauta climática, mas também revelou lacunas e desafios persistentes, especialmente no que diz respeito à transição energética.

Mas afinal, quais foram os avanços realizados na COP28?

Fim do Uso de Combustíveis Fósseis e Aceleração da Transição Energética:

A COP28 estabeleceu um marco crucial ao concordar com o fim do uso de combustíveis fósseis, sinalizando um compromisso global em direção a fontes de energia mais sustentáveis. Essa decisão reflete um passo decisivo para mitigar as emissões de gases de efeito estufa.


Triplicação do Uso de Energias Renováveis e Redução do Uso de Carvão:

Compromissos sólidos foram firmados para triplicar o uso de energias renováveis, impulsionando uma transição significativa na matriz energética global. Simultaneamente, a decisão de reduzir drasticamente o uso de carvão como fonte de energia ressalta o comprometimento com a redução das emissões.

Investimento em Tecnologias de Captura de Carbono:

A conferência reconheceu a importância das tecnologias de captura de carbono como ferramentas essenciais para enfrentar as emissões residuais. Compromissos financeiros substanciais foram anunciados, indicando uma abordagem realista para lidar com emissões já existentes.
Mas nem tudo são flores, tivemos objetivos iniciais que não foram cumpridos e omissões significativas por parte de seus participantes.

Falta de Financiamento para Transição em Países Pobres:

Embora tenha sido um avanço positivo, os países membros concordaram em criar um fundo de US$ 420 milhões para apoiar a transição energética em nações economicamente desfavorecidas. No entanto, esse montante revela-se insuficiente diante da magnitude do desafio, destacando a necessidade urgente de aumentar os recursos disponíveis para essas regiões.

Ausência de Metas e Planos Concretos para a Transição:

A ausência de metas e planos claros sobre como realizar a transição energética é uma lacuna significativa. Embora os compromissos tenham sido feitos, a falta de diretrizes práticas levanta dúvidas sobre a eficácia desses acordos.

Redução, Não Eliminação, do Uso de Combustíveis Fósseis:

A COP28 optou por mencionar a redução drástica, não a eliminação, do uso de combustíveis fósseis. Essa escolha pode ser interpretada como uma concessão a grandes produtores e consumidores, gerando questionamentos sobre a verdadeira determinação global na busca por soluções reais.

Nesse cenário, emerge uma preocupação legítima quanto ao desinteresse prático dos principais atores, especialmente os grandes produtores e consumidores de combustíveis fósseis, em financiar e comprometer-se com ações concretas. Esta relutância cria um beco sem saída na transição energética, tornando crucial a participação proativa da iniciativa privada.

É evidente que as entidades públicas enfrentam dificuldades em traduzir compromissos em ações tangíveis. Neste contexto, a iniciativa privada surge como uma potencial protagonista, impulsionada por incentivos econômicos e pela capacidade ágil de implementação. O setor privado pode desempenhar um papel vital na aceleração da mudança, assumindo um papel mais proeminente na transformação da paisagem energética global.

No entanto, é vital reconhecer que o desafio que a humanidade enfrenta é colossal, e o tempo disponível até 2100 é limitado. Diante dessas incertezas, é imperativo fazer o que está ao nosso alcance para, no mínimo, reduzir os efeitos das mudanças climáticas. A colaboração entre setores público e privado torna-se essencial para transformar compromissos em ações concretas, garantindo um futuro sustentável para o nosso planeta.

Em um esforço conjunto, os países membros devem redobrar seus compromissos financeiros, reconhecendo a urgência de proporcionar um suporte significativo para os países em desenvolvimento.

A criação do fundo de US$ 420 milhões é um passo na direção certa, mas a comunidade internacional deve ir além, assegurando que o financiamento seja proporcional à escala do desafio.

Em última análise, a COP28 em Dubai, com seus avanços e desafios, destaca a necessidade premente de ação concreta e colaboração global. O tempo não está a nosso favor, e somente com uma abordagem coletiva e determinada poderemos moldar um futuro sustentável para as gerações vindouras.

**Paulo Morais é diretor da Peers Consulting & Technology


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