Liderança e cultura são os grandes segredos do sucesso das companhias que fazem a lição de casa e evoluem na causa. Essa é a conclusão da recém-divulgada pesquisa “Melhores para o Brasil”, que compilou dados inéditos para classificar as boas práticas de sustentabilidade no ambiente corporativo nacional.
Organizado pela Humanizadas, empresa de avaliação multistakeholder em ESG orientada à Inteligência de Dados, o trabalho envolveu não só avaliar 198 organizações de pequeno, médio e grande porte, que somam R$ 221 bilhões em faturamento, como também escutar todo o público envolvido em sua atuação. Foram consultados colaboradores e lideranças, clientes, parceiros e sociedade (ex-colaboradores, familiares, ONGs e outras organizações).
“Em comparação com empresas que ainda iniciam a jornada evolutiva em ESG, as mais maduras contam com os líderes para puxar a agenda, trazer o assunto para a mesa de discussões e estabelecer prioridades, incorporando o tema na cultura interna, em equilíbrio com lucro e vendas”, crava Pedro Paro, pesquisador de doutorado da USP e CEO e fundador da Humanizadas.
Arezzo, Mercur, Banco BV, Special Dog, Dengo, Magalu e Elo7 fazem parte do seleto grupo de companhias que melhor desempenham seu papel social, ambiental e de governança no país, operando nos níveis de maturidade mais altos. Enquanto isso, o ambiente corporativo nacional em geral ainda está parado nos iniciais, orientado para garantir sobrevivência e resultados de curto prazo e focado em regulações, leis e processos e recrutamento, produtividade e inovação. Baseado em teorias como a de Frederick Laloux, autor do livro “Reinventando as organizações”, o estudo trabalhou com cinco estágios:
1) Sobrevivência
2) Regulação
3) Reputação
4) Sustentabilidade
5) Regenerativo
O esforço compensa: as empresas consideradas “Melhores Para o Brasil” possuem um retorno financeiro 615% superior a índices tradicionais como o IBOV (antigo Ibovespa) no longo prazo.
A seguir, Paro mostra o caminho das pedras para uma empresa que pretende engrossar a lista dos tops em ESG no Brasil. Acompanhe:
QUEM FAZ BEM FAZ ASSIM
Líderes que acreditam
É a alta liderança que dá o empurrão necessário para que o tema ESG entre não só na pauta de discussões como na lista de prioridades. Ou seja, vira cultura interna. Onde executivos são engajados com a causa, há o equilíbrio perfeito entre lucro e sustentabilidade.
Cultura de ESG
Sem ela, cair em greenwashing é quase uma certeza. Temas relacionados a sustentabilidade, diversidade, inclusão e governança estão incluídos nas iniciativas, objetivos e metas das empresas com alto nível de maturidade. Estão no core do negócio. É o caso da Special Dog, fabricante de alimentos para pets, que assumiu como vocação exercer um capitalismo consciente.
Equipe de apoio
Apesar de ESG não poder ser tema exclusivo de uma área específica, profissionais e departamentos focados são muito bem-vindos porque funcionam como facilitadores para projetos e melhorias. São eles que, ao encontrar problemas, falam, discutem, propõem soluções e trabalham diretamente com o CEO e outros diretores para que as coisas avancem e evoluam.
A importância da escuta
Ouvir todos os stakeholders garante humanização e consciência sobre as necessidades do ecossistema, permite o estabelecimento de prioridades e o desenvolvimento de projetos de melhoria e evolução, além de ser o pulo do gato para inovação.
Um exemplo: todos os anos, a Rede de Ensino Apogeu, que conta com mais de uma dezena de unidades no interior de Minas Gerais, ouve alunos, professores, time administrativo, pais e comunidades locais para traçar suas metas.
Mão no bolso
Investimentos em equipes, projetos e novas tecnologias (a inovação em produtos, por exemplo, pode garantir a sustentabilidade da empresa no médio e longo prazo) são vistos como uma necessidade real (especialmente por lideranças que adotam a agenda e dão a palavra final quando o assunto é dinheiro). Investir é possível e necessário, inclusive, em micro e pequenas empresas, que podem se beneficiar de ambientes menos complexos e mais favoráveis a mudanças rápidas e da maior proximidade entre líderes, colaboradores, parceiros e fornecedores.
Pensar fora da caixinha
As empresas consideradas “Melhores para o Brasil” repensam constantemente seu modelo mental e atuam com uma perspectiva mais sistêmica e holística. Na prática, são mais abertas para mudar processos e quebrar paradigmas.
Para acompanhar as mudanças, é importante buscar exemplos práticos em seu ecossistema (as empresas maiores podem, por exemplo, investir em startups, enquanto as menores podem participar de hubs de inovação). A produtora de fitas de borda Tegus se destaca nesse quesito, com a implementação da autogestão no chão de fábrica. Ao dar aos colaboradores mais autonomia e liberdade para tomada de decisão, ela aumenta seu senso de responsabilidade e eles se sentem mais parte do processo.
Diversidade
As empresas que vão bem em ESG apostam em ambientes propícios para que as pessoas sejam quem elas são. Como fazem isso? Têm uma liderança que comanda e faz a pauta acontecer, rompendo paradigmas com time e clientes.
Banco BV e Media.Monks Brasil apresentaram os indicadores de cultura inclusiva e diversa mais altos da pesquisa.
Fonte: Pedro Paro, pesquisador de doutorado da USP e CEO e fundador da Humanizadas.
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